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Quando se passam os dias cinzentos

Há algum tempo atrás escrevi um artigo intitulado “Depressão: a rotina dos dias cinzentos”, onde trabalhava a ideia da depressão como uma rotina de dias onde o sol não brilha, as cores não são vistas, os alimentos perdem seus sabores e onde a vida perde o sentido.

Mas quero refletir neste artigo sobre as consequências de um período depressivo. Quando essa sequência de dias cinzentos e frios passa, o que resta? O que sobra de um coração que por dias, meses e até mesmo anos viveu sob a sombra de nuvens pesadas, sem alegria e com lágrimas presentes?


Um efeito devastador desses tais dias cinzentos pode ser o mais trágico na vida de um ser humano: a morte. O suicídio é muito comum entre pessoas depressivas. O vocalista da Banda Linkin Park, Chester, foi encontrado morto em sua casa e trouxe à baila novamente esse problema que é considerado um tabu. O suicídio deve ser visto, tratado e prevenido com a devida seriedade, principalmente entre os mais jovens, que têm registrado maior taxa de suicídio que as outras faixas etárias. Caso você conheça alguém que esteja passando por problemas emocionais e alguma vez já falou ou sinalizou vontade constante de morrer, aproxime-se desta pessoa e procure leva-la a um profissional de saúde (psiquiatra e/ou psicólogo) afim de que ela tenha tratamento terapêutico e medicinal apropriados. O julgamento nunca é tratamento, por isso evite apontar dedos e criticar; lembre-se que dor não se mede e muito menos se compara. Depressão é tratada com remédios e terapia, não com frases de efeito.


Outra consequência que sobra de um quadro depressivo são os machucados emocionais em quem acompanhou o doente. Muitas vezes – quase sempre – isso acontece com quem esteve ao lado do doente. Resta muita dor, muita angústia e, dependendo da forma como a pessoa ficou, restam machucados profundos como a mágoa e até o rancor. Um doente emocional causa muitos transtornos, trata as pessoas mal e por vezes fica profundamente agressivo. Por isso é necessário também um acompanhamento especial para quem convive com uma pessoa em depressão. Pois há casos em que o paciente melhora seu quadro e os familiares entram em um quadro depressivo, em virtude de lidar muito de perto com aquele paciente. Por isso, se você está lidando com um paciente depressivo abra os olhos e, se necessário, procure ajuda profissional também!


Vale lembrar que depressão não é uma doença com cura, ainda – a não ser de forma sobrenatural e cremos nela! – e por isso o tratamento não se finda após uma crise. Ele continua. Outra consequência difícil de um quadro depressivo pode ser a solidão. Um paciente depressivo costuma isolar-se, evitar contatos com as pessoas. Com isso, é comum os amigos “largarem” aquele que passa por um processo depressivo. E quando passam-se as crises? Aquela pessoa está sozinha! E isso é terrível. Ela tem de lidar com a culpa de atitudes tomadas em período de crise e isso já causa transtornos suficientes. Além disso, ela encontra-se sem amigos, praticamente expulsos de sua vida por ela mesma. Se você tem algum amigo ou amiga em depressão, respeite esse momento de dor e dificuldade, mas quando souber que a crise está passando, procure novamente esse amigo e continuem o relacionamento. Essa pessoa vai precisar de você! Tudo que uma pessoa precisa depois de uma sequência de dias cinzentos é de uma boa fase de sol, calor e flores no caminho!


Espero que este artigo seja útil para pessoas que estão passando por tais dias cinzentos como uma esperança de que eles passam! Um dia o sol volta a brilhar e quando ele voltar, alguns cuidados devem ser mantidos para evitar que nuvens pesadas voltem!


Que Jesus, a Luz do Mundo, ilumine as mentes e corações de todas as pessoas que sofrem com as doenças emocionais!


Por Eric de Moura,

teólogo e missionário em São Paulo


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