A pergunta registrada no evangelho de Marcos 8:27b ecoa até os nossos dias. E como! Na época que a pergunta foi originalmente feita por Jesus as respostas foram: João Batista, Elias, um dos profetas. Pelas respostas do povo de então, leitura bem equivocada a respeito do testemunho de Cristo. Equivocada sim, porém comparando-o com homens que pelas escrituras e tradição admiramos.
Hoje, no entanto, como responderia o povo? Imagine o Ibope ou o Data Folha saindo as ruas para realizar uma pesquisa de opinião encomendada pelo próprio Senhor. Vão as ruas, dividam as perguntas entre pessoas de todas as classes sociais e perguntem a elas: Quem é Jesus para vocês?
As possibilidades me assustam. Considerando o relativismo e imediatismo instalados no centro das motivações atuais, imagino as respostas mais bizarras: Ah, Jesus é uma espécie de Neymar, pois os milagres que ele fez recentemente pelo Barcelona, na maior virada da história da Champions apontam que ele só pode ser um deus. E certamente a Trindade é formada por Neymar, Cristiano Ronaldo e Messi. Ah, Jesus é o Bill Gates, o homem mais rico do planeta, não, é o Trump, o homem mais poderoso do planeta. Ah, Jesus é minha ideologia, porque ela sim expressa amor pelo próximo. Ah, Jesus é a ciência, pois a tudo me responde e me prova, nela posso confiar, tudo é comprovado...
Quem dizem os homens que eu sou? A pergunta segue. E então os entrevistadores chegam nas igrejas. Ai, ai, ai. Do homem distante e resistente a Cristo espero qualquer coisa sem me surpreender. Mas do homem que carrega os códigos religiosos eu não só me assusto, me apavoro.
No chamado espaço gospel as respostas possíveis causariam frios doídos na espinha. Jesus é o televangelista X, o cantor gospel Y, o ministério Q, o apóstolo Z, o bispo XYZ, o profeta A, o guru B, o... Escrevi “causariam”, mas errei, causam. Tais respostas já ouço, comprovo e, como disse, me apavoro por ver tanta gente que um dia se entregou a Cristo passar a idealizar o Cristo em gente que não perde uma oportunidade de escandalizar o evangelho, a cruz e a fé.
Mas a pergunta, como no texto de Marcos, além de geral, também é pessoal. Pois Cristo, sem questionar as respostas do povo, quer ouvir a resposta de quem está próximo, de quem tem intimidade, de quem anda com Ele, “E vocês? Quem vocês dizem que eu sou?” A resposta de Pedro é famosa, você conhece. Caso não conheça vá até o evangelho e descubra pessoalmente. O dilema agora é qual resposta que eu e você daremos a cada dia para essa pergunta.
Para responder é necessário deixarmos qualquer tipo de zona de conforto, caso contrário também corremos o risco de respondermos mal, de passarmos bem longe da resposta pura, comprometida, apaixonada, racional, poética, bíblica e totalmente entregue aquele que desde o dia que o recebemos deve estar reinando em nossas vidas.
Se podemos nos enganar? Sim, podemos. Principalmente nos nossos vales solitários, nos nossos desertos, derrotas e frustrações. Experimente ir fazer companhia ao profeta Elias naquela caverna que o abrigou enquanto fugia de uma mulher, ele que era tão experimentado nas manifestações sobrenaturais de Deus confundiu a voz do próprio Deus. Se Elias confundiu, eu posso, você pode, nós também podemos confundir a voz e a pessoa de Cristo.
Quem, afinal, é Ele para nós? A mente mais iluminada que já passou por aqui? O maior fazedor de milagres que já existiu na história? Um homem imensamente sábio para os padrões da época? Precisamos responder. Como foi para Pedro, a profundidade desta pergunta exige a mesma profundidade na resposta, por isso também precisamos da mesma ajuda que teve o apóstolo. Como ele, não conseguimos responder tal pergunta com a revelação da carne ou sangue, precisamos da revelação do Deus vivo, único, verdadeiro e salvador. Insisto, vá a fonte, a Palavra, leia, medite, internalize e peça ao Espírito Santo comunicar, falar e confirmar a você.
Finalizo com a fala do pequeno Lorenzo, um garotinho lindo que congrega com a gente e que começou a falar agora. Perguntado sobre quem é Jesus, sua resposta foi linda e arrebatadora pelo jeito criança e puro de falar. Ele respondeu com uma única palavra: maravilhoso! Só que como está dando os primeiros passos na fala ele não conseguiu pronunciar ma-ra-vi-lho-so corretamente, então saiu um doce e inconfundível “mavioso” que, dentre outras coisas, significa “sensível aos sentimentos de amizade, terno, afetuoso, compassivo, de caráter comovente...” o que não é pouco! Aliás, muito para o pequeno Lorenzo e, admito, para mim também. Então, quem é Jesus? Fecho com Pedro e com Lorenzo.
Por Edmilson Mendes,
Publicitário, escritor e pastor.
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