Depois que entendermos o que de fato somos (Casa do Espírito Santo), temos que partir para as características que alguém que é Casa tenha para ser um Discípulo de Cristo.
Vamos mirar em Paulo. Ele era judeu e romano. Sua mãe era judia, seu pai romano. Portanto, aprendeu das duas culturas, mas se tornou judeu. Até por isso foi aluno de Gamaliel, um respeitado rabino. Aliás, Gamaliel pregava a não-violência contra os cristãos, algo que Paulo, claramente não fez.
Todos sabem o que aconteceu com ele. Paulo tem um encontro com Cristo na estrada para Damasco, fica cego, e passa de perseguidor a defensor.
Paulo nos ensina a ser espelhos de Cristo, passando do conformismo com o mundo para o conformismo com a Palavra.
Como discípulos, temos uma dupla responsabilidade, pois devemos viver, servir e testemunhar no mundo, porém, devemos evitar nos contaminar por ele. Quando nos conformamos com algo, aceitamos as coisas ao nosso redor. Quando nos conformamos com a Palavra, só aceitamos aquilo que está de acordo com a vontade de Deus, principalmente olhando para nós!
Mas como fazer isso no mundo de hoje, em pleno século 21? Para sermos inconformados com o mundo temos que lutar contra o pluralismo, o materialismo, relativismo ético e o narcisismo.
O pluralismo defende que todos os 'ismos' tem seu valor e merecem nosso respeito. Ou seja, ele rejeita o que chamamos de 'certo e errado' e também a singularidade cristã, ou seja, ninguém nunca estará errado, basta você usar aquela velha frase: 'é só minha ou é só nossa opinião'. Ninguém nunca está errado, isso gera arrogância.
Então, como responder ao pluralismo? Indo na contramão. Paulo, teve a oportunidade para ser um pluralista, adorando a vários deuses pagãos romanos, mas escolheu seguir o judaísmo e, posteriormente, o cristianismo. Assim como Paulo...
O discípulo deve ser humilde, mas continuar
a afirmar a perfeição de Jesus e sua singularidade.
Assim como Paulo, podemos usar do pluralismo para pregar sobre 'o Deus invisível'. Pois só Ele veio, se encarnou, nos redimiu dos pecados e ressuscitou. Ninguém mais tem essas qualificações. Alexandre é o Grande, Napoleão também, Buda pode até ser, mas Jesus é muito mais, Cristo é, O ÚNICO.
A segunda tendência que devemos lutar contra é o materialismo. Nela, damos a importância aos ganhos materiais, abafando muitas vezes nossa vida espiritual. Ter o iphone do momento é mais importante que mostrar quem nos salvou através de nós. Paulo, largou toda a sua vida de luxo para espalhar a palavra.
A Bíblia relata que Paulo era um construtor de tendas para não precisar das ofertas dos irmãos, ele se desprendeu totalmente daqui. Ele de fato, seguiu o que Cristo fala, abandonou mamon completamente em nome de Cristo. E aqui, não podemos colocar somente objetos, mas porque não, até nossos hobbys e profissões. Jogar a bola de todo domingo, não é mais importante que ser e estar em todo tempo com o Pai.
O relativismo ético é a terceira tendência que temos que lutar contra. Isto tem a ver, com a falta de absolutos. Em sua carta aos coríntios Paulo exorta isso. Líderes e alguns irmãos estavam tendo casos entre eles, mas como tinham grana ou eram líderes, fazia-se vista grossa. A própria ceia era problema pra eles. Após a santa ceia, tinha-se o momento da comunhão, onde cada um trazia alguma comida para partilhar. Alguns que eram mais pobres não tinham condições, aí os irmãos da igreja, simplesmente, excluíam estes da comunhão. Percebe o relativismo aí já dentro da igreja?
E nos dias de hoje, percebe como todos os padrões morais e éticos que o cristianismo defende estão caindo, um a um, devido a uma sociedade que se esqueceu de voltar seus olhos a Bíblia, à palavra? E será que é somente por seus corações frios ou temos culpa no cartório? Será que no nosso puritanismo máximo não nos tornamos fariseus, que são pessoas que criticamos por criticarem Jesus? Deixo essa pergunta a você, sem resposta, para reflexão.
Mas o fato é, o relativismo invadiu e conquistou um terreno tão grande na sociedade que ele agora está infiltrado na igreja...
A ponto de delimitarmos que: é menos mal o menino transar com todas, que ser gay. Deixa eu te falar: a Bíblia não separa estas duas coisas, o pecado está sob o mesmo termo: imoralidade sexual. E com isso não estou dizendo que devemos execrar, mas sim que devemos amar a todos. Amar o pecador, mas não o pecado.
...Ajudar quem precisa, mas não passar a mão na cabeça. Isso é amar. Passar a mão na cabeça e dizer que está tudo bem, é mimar, é ser, de fato, relativo!
Para combater o relativismo ético, em qualquer área, não precisamos ser inflexíveis, mas sim, procurar as respostas através da Palavra, do estudo, e não em cima do que alguém que você goste muito falou. Fazendo isso podemos dizer que somos católicos. A igreja católica diz que o Papa tem o mesmo poder que a Bíblia, ou seja, ele pode desdizer algo que está na Bíblia dizendo que na verdade, a verdade foi revelada agora e será isso. Como exemplo, Jesus não manda amar a todos, mas só alguns (ironia, muita calma...rs). Não podemos fazer isso, temos que entender tudo à luz da palavra!
E por último, temos o narcisismo. Todos sabem o que é ser narcisista, né? É aquela pessoa que tem uma admiração excessiva por si mesma! Paulo combate isso consigo mesmo, aliás, Cristo deixa um espinho na carne de Paulo para que ele não se vanglorie, e lembre sempre que tem determinado problema.
Shiley MacLaine, uma das lideranças do movimento da Nova Era, das décadas de 80 e 90 dizia:
"Sei que existe; portanto, eu sou.
Sei que a força divina existe; portante, ela é.
Já que sou parte dessa força, sou o que sou."
A Nova Era tem como ideologia, olhar para dentro de nós e nos explorar, pois a solução de tudo está em nós. A Bíblia vai totalmente na contramão. Ela pede para olharmos para dentro de nós para que vejamos toda a podridão que existe no mundo. Ao olharmos para a Cruz, vemos todo o Amor que existe não só no mundo, mas no Universo. E aceitar este Amor para que nos tornemos bons!
Com isso, para combatermos ao narcisismo, não devemos ter aquele amor-próprio que ouvimos tanto nos dias de hoje. Devemos ter um misto de autoafirmação e autonegação. Afirmar tudo que é bom, que venha do Criador. E negar tudo que é ligado à queda.
Ou seja, para combatermos o pluralismo, devemos ser uma comunidade que declara a singularidade de Cristo.
Diante do materialismo, temos que entender que somos peregrinos, e sermos de fato, humildes. Com o relativismo, é necessário obedecermos a palavra, e não o que achamos que é atual ou não. E, para combater o narcisismo, devemos amar uns aos outros.
Devemos imitar a Cristo
Entendendo cada tendência e combatendo cada uma, nós nos moldamos um pouco mais a Cristo, e começamos a ver, refletidos em nós, Ele, começamos a ser de fato espelhos. 1 Coríntios 11.1 diz: "Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo". Paulo pede para sermos imitadores dele, como ele é de Cristo.
O termo imitar na tradução, vem de uma palavra grega que na verdade seria mimicar. Parece que não, mas é mais forte. Enquanto imitação, é uma tentativa de parecer com algo ou alguém, mimicar é você transmitir uma mensagem através de seus gestos e expressão corporal e oral. Percebe, não basta apenas tentar, parecer, devemos transmitir o que cremos.
A vontade de Deus é para que nos pareçamos com Cristo, que mimiquemos todos seus ensinamentos, através de todos nossos gestos no dia-a-dia. Para isso, podemos ter alguns vislumbres olhando para a vida de Cristo, da qual, Paulo mimicou.
Devemos ser como Cristo em sua encarnação
Devemos ser como Cristo em sua encarnação, que se vestiu de toda nossa humanidade, caminhou entre nós e passou sem manchas por toda a jornada. Como Paulo diz em Filipenses, Cristo, se vestiu de toda humildade e, mesmo sendo igual a Deus, preferiu não o ser, se esvaziando e assumindo a forma de servo. E isso nos leva ao segundo passo da mímica. Devemos ser como Cristo no serviço.
Você lembra da passagem da última ceia? Jesus, o mestre dos mestres, lavando os pés dos seus alunos. O que Jesus fez era trabalho de um escravo, mas Ele sabia que deveria fazer isso para que todos entendessem que ninguém é maior que ninguém. Devemos aceitar qualquer tarefa que nos é dada, pois nenhuma é simples ou humilhante demais.
Temos que amar como Cristo amou. Cristo não simplesmente amou com o amor dos homens. Ele se entregou por amor. Se temos que amar como Cristo, devemos entender que o amor, de fato, não é nos melhores momentos, é de fato se entregar pelo outro, é ter o amor do Calvário. Você, entregaria sua vida para que o pior bandido tivesse a chance de se redimir e seguir os passos de Cristo?
Devemos ser como Cristo em sua missão
Depois de tudo isso, devemos ser como Cristo em sua missão. João 17. 18: "assim como Tu me enviaste, também eu vos enviei ao mundo". Jesus nos comissiona para não sermos simples agentes, mas sim para sermos Ele no mundo. Ou seja, assim como Cristo teve de entrar no nosso mundo, nós devemos entrar no mundo de outras pessoas.
Como consequência de tudo isso, teremos de entender que o sofrimento que passaremos aqui, faz parte do processo divino para nos parecermos ainda mais com Cristo. Temos de entender o papel das nossas atitudes no evangelismo.
O reverendo Iskandar Jadeed, ex-muçulmano disse...
"se todos os cristãos fossem de fato o que dizem, hoje não haveria islamismo". Percebe como é importante de fato mimicar à Cristo, refletir a vida dEle e sua Palavra em todo instante?
Mas é óbvio, não conseguiremos tudo isso por nós mesmos, pra isso é que devemos entender que somos Casa. Que o Espírito Santo habita em nós para nos capacitar, encorajar, e nos moldar para cumprir todo o propósito do Pai.
William Temple, um líder anglicano dizia:
"Não adianta me dar uma peça como Hamlet ou Rei Leão e me dizer para escrever algo assim. Shakespeare podia fazer isso, eu não posso. E não adianta me mostrar uma vida como a de Jesus e me dizer para viver como ele. Jesus era capaz, eu não. Porém, se o gênio de Shakespeare pudesse vir morar em mim, então eu poderia escrever peças como as dele. E se o Espírito de Jesus pudesse vir morar em mim, então eu viveria uma vida como a dele."
Aí é a chave, o Espírito Santo vem morar em nós, é só permitirmos. Está na hora de pararmos de querer ver no espelho nossa reflexo, está na hora de abandonarmos nossos espelhos mágicos, está na hora de nós sermos o espelho, pois o propósito de Deus é nos tornar espelhos, para sermos como Cristo. E a forma que ele faz isso é nos enchendo do seu Santo Espírito.
Matheus Longo Mendes.
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