No dia 20 de julho de 2017 foi dada a notícia da morte do cantor Chester Bennington, vocalista da banda Linkin Park. Chester cometeu suicídio aos 41 anos de idade. Ele era casado e deixou seis filhos. Lamentavelmente ele entrou para o hall de artistas que tiraram a própria vida. Confesso que o Linkin Park nunca foi minha banda favorita, mas essa não é a questão. Também não é a questão seu destino final. Sempre que algo assim acontece aparecem os protetores da moralidade querendo apontar culpa e motivos que levaram a tal destino. E achando-se em condições para determinar o destino final de tais pessoas.
Lembro-me de quando ouvi a notícia da morte do Chorão, nas mesmas circunstâncias, e de todos os comentários sobre como isso só acontece com os que não têm Deus. Será? Essa também não é uma discussão que queira entrar. O que chama minha atenção é a frequência com que o suicídio vem acontecendo. A história da música acumula um número grande de artistas que decidiram por fim a vida. Gente que alegrava multidões, mas conviviam com pesos e tristezas profundos.
Algo de semelhante entre esses é o fato de refletirem todo peso da vida em sua arte. Praticamente todos eles transformaram o peso da própria existência em alívio para milhões de pessoas. Muitos faziam rir e pular, enquanto no intimo choravam e se curvavam. Sempre que algo assim acontece deveríamos ter no mínimo cautela ao julgar ou emitir opinião, afinal, nunca saberemos as circunstâncias que levaram a ver a morte como única solução.
Ouvi uma das músicas do novo álbum do Linkin Park e pude perceber como que pistas foram deixadas. Heavy é o nome da música (veja vídeo abaixo) e nela Chester diz o seguinte: “Eu estou segurando / Por que tudo é tão pesado? / Segurando / Muito mais do que eu posso carregar / Eu continuo arrastando comigo o que me derruba / Se eu soltasse, eu poderia me libertar / Segurando / Por que tudo é tão pesado?” O que deixava a vida de Chester tão pesada? Talvez nunca saibamos. De igual forma como nunca saberemos os pesos que carregavam aqueles que decidiram que partir era a melhor solução.
Volto a dizer que o Linkin Park nunca foi uma banda que costumava parar para ouvir. No entanto, sou solidário aos familiares e fãs. Sou solidário aos sofredores silenciosos que estão sós apesar de estarem rodeados de pessoas. Gente que acumula uma multidão de seguidores nas redes sociais, mas que é solitário na vida real. Enfim, não quero entrar no mérito sobre certo e errado, culpado ou inocente. Apenas quero refletir sobre o fato de como nunca sabemos o que realmente se passa com o outro.
A vida de Chester estava pesada e lamento por ele, talvez, não ter conhecido aquele que pode aliviar cargas. Lamento também por, quem sabe, não ter tido alguém para anunciar as boas novas do evangelho. Lamento uma vida ceifada. Nunca verei com satisfação a morte de alguém.
Homens que caminharam com Deus também experimentaram tristezas profundas e o desejo pela morte. Elias é um grande exemplo. Em um momento de depressão viu a morte como a única solução para seu sofrimento (1 Reis 19). A única diferença é que Elias, assim como outros homens e mulheres, conseguiram encontrar em Deus forças para caminhar. Diante de um cenário onde pessoas estão carregando pesos além do que podem carregar é preciso relembrar as palavras de Jesus: "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas. Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mateus 11:28-30).
Ismael Braz,
é teólogo e pastor.
Imagem: Internet.
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