Vivemos acertadamente me tempos de incredulidade, em que não se prova mais nada apenas com a palavra. Precisamos de imagens, vídeos no mínimo para chegar a uma confirmação de algo. No terreno da fé, isso não foge a regra. Duvida-se de tudo. Da autenticidade da Bíblia, da coerência dos milagres e claro da figura de Cristo. Porém, duvidar não é algo dos nossos dias, vem de muito tempo.
Páscoa é tempo de ter dúvidas sanadas em relação ao Senhor. E quem diz “só acredito em tudo isso (ressurreição)", se estivesse lá, está muito enganado ou enganada, visto que as dúvidas sobre a ressurreição pairaram até sobre os seguidores do Mestre. As mulheres foram as primeiras a crerem e testemunhar (Lc 24.1-10; Jo 20.11-18) o restante dos discípulos acuados e escondidos, exceto Pedro e João que foram ver o sepulcro vazio (Jo 20.1-10), e depois voltando aos discípulos (Jo 20.19-23), foram encontrados pelo Senhor e tiveram a certeza de sua ressurreição.
A ausência de um deles chamado Tomé, e depois sua vinda ao encontro dos discípulos, logo foi motivo de lhe dizerem a grande boa notícia: a de que Jesus tinha sido ressuscitado, porém, este discípulo não acreditou no que disseram, pois a dúvida de Tomé se responde com as marcas dos cravos e do lado (Jo 20.24-25). Além das palavras, o apóstolo queria ver o homem que supostamente havia ressuscitado com marcas físicas da sua morte na cruz.
Os pregos e a lança
Na terrível morte de cruz, os malfeitores eram pregados na travessa que levavam até o lugar onde estava a estaca, que seriam deixados. Cravos agudos eram enfiados nas mãos. A palavra cravos vem do termo grego helos que aparece em João 20.25. São os pregos da época, feitos de bronze ou de ferro¹. Para evitar que as mãos se rasgassem: “o peso maior do corpo era usualmente sustentando por uma projeção (sedile), em cima da qual a vítima era sentada.”²
As mortes por crucificação poderiam durar horas ou até dias: “por esse método a morte era usualmente bastante prolongada, raramente ocorrendo antes das trinta e seis horas, e em certas ocasiões levava até nove dias: por isso o centurião e quatro soldados foram postos de guarda para impedir a retirada do corpo de Jesus da cruz (Mt 27.54; Jo 19.23).”³. Sabe-se que o Senhor foi crucificado às nove horas da manhã (Mc 15.25) e morreu por volta das três da tarde (Mt 27.46-50), foram seis horas de terrível sofrimento.
Além das intensas dores sofridas pelos pregos, a exposição dos condenados causavam diversas dores no corpo:
As artérias da cabeça e do estômago ficavam regurgitadas de sangue, causando uma dor de cabeça lancinante.
Febre traumática e
Tétano se manifestavam.[4]
Para remediar a extensão do sofrimento, por alguma razão, eram aplicados alguns métodos: “(...) as pernas eram quebradas com golpes de cacete ou martelos (... Jo 19.31-37), e o golpe de misericórdia era dado com uma espada ou lança, usualmente no lado da vítima (...)”[5].
As marcas na nossa vida
A resposta de Jesus a Tomé foi às marcas em seu corpo (Jo 20.26-27). Aquelas marcas produzidas no sofrimento da cruz, foram à confirmação para vencer a incredulidade do apóstolo. Diante da certificação de que o ressuscitado tratava-se realmente de Jesus, aquele mestre que Tomé seguiu, o apóstolo fez uma das mais belas confissões de todas as escrituras sagradas: Então Tomé exclamou: — Meu Senhor e meu Deus! (Jo 20.28 NTLH). Com esta afirmação, o apóstolo reúne duas doutrinas de suma importância na profissão de fé cristã: a de que Jesus é verdadeiro homem e verdadeiro Deus.
Ao ouvir tais palavras de Tomé, Jesus afirmou o seguinte: — Você creu porque me viu? — disse Jesus. — Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram! (Jo 20.29) A partir disso, Nosso Senhor fala diretamente com quem tem acesso a mensagem do evangelho, e então, chama-nos a crer naquilo que diz a Palavra de Deus. Você não viu, mas, leu nas escrituras (Lc 24.44-49). As marcas dos cravos e da lança são sinais para fé dos discípulos (Lc 24.36-40). E você que está lendo é capaz de crer nelas, pela fé e pelo que diz a Bíblia? É capaz de crer no sepulcro vazio? É capaz de crer no Jesus ressuscitado que voltou para céu (Lc 24.50-52) e há de vir?
Andrei Sampaio Soares | Editor do alemportal.com, graduando em jornalismo e teólogo.
¹O Novo Dicionário da Bíblia. Tradução: João Bentes. 3ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2006, p.458.
²Ibidem, p.310.
³Ibidem, p.309.
[4] Ibidem, p.310.
[5] Idem.
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