Quantas vezes peguei-me deixando de fazer coisas que gosto para fazer coisas que os outros gostam em nome da amizade. Quantas vezes deixei de ouvir as músicas que gosto, só pra ouvir melodias e cantores, só pelo pretexto de estar com as pessoas que julgava amizades significativas. Quantas vezes deixei de ler livros, só pra saber mais sobre autores e pra ficar no mesmo nível dessas pessoas. Quantas vezes passei a ouvir pensadores e pregadores, que significavam gente que essa gente gostava, só pra me dar motivo de ter assuntos que eles gostavam, para poder estar com eles. A isso chamo de "nulidade existencial em nome da amizade", atitude que hoje tenho "escanteado" na vida, pois, embora devamos ser empáticos, isso não quer dizer abrir mão de peculiaridades pessoais. Dar primazia ao outro nunca é um exercício de autodeletaçao, mas, uma comunhão de peculiaridades. Hoje com a maturidade, não faço mais isso. Não troco minhas músicas, meu estilo, meu jeito de falar, meu jeito de pensar em detrimento da peculiaridade alheia. Entendo amizade como um mundo de diferentes que se igualam no abrir a "porta da convivência". Não devemos negar nossa amizade, mas, nada de anular nossa personalidade. Andrei Sampaio Soares,
teólogo, escritor e criador/editor do Além Portal.
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