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Discípulo Radical: Adultos, mas como crianças

Só atingimos a maturidade cristã quando nos relacionamos de forma madura com Cristo


Quando eu era criança gostava de desenhar, e até que eu fazia belos desenhos. Por outro lado, lembro também de um episódio que eu queria jogar bola e meus pais não deixaram, com raiva eu rasguei a foto, e demorou uns 15 dias pra eu revelar que tinha sido eu e pedir perdão. Acho que, por esta maneira extremamente passional da criança, Paulo, na primeira carta aos Coríntios (3.1-3) diz:

 

"Irmãos, não lhes pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a crianças em Cristo. Dei-lhes leite, e não alimento sólido, pois vocês não estavam em condições de recebê-lo. De fato, vocês ainda não estão em condições, porque ainda são carnais. Porque, visto que há inveja e divisão entre vocês, não estão sendo carnais e agindo como mundanos?".

 

Paulo é bem claro aqui, ele está falando de crianças, de bebês, afinal, uma criança consegue comer arroz e feijão, mas um bebê não, só leite de fato. Aqui, ele está falando que pregou a pessoas novas na fé, podemos dizer até que rasas.


Mas, mesmo encontrando pessoas rasas na fé, Paulo não desiste, e envia suas cartas, permanece fazendo suas viagens e espalhando a Palavra, fazendo novos discípulos. Vemos isso em Colossenses (1.28,29): "Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. Para isso eu me esforço, lutando conforme a sua força, que atua poderosamente em mim."

 

A palavra usada aqui, em grego, para perfeito é teleios, que tem uma tradução mais fiel quando falamos 'maduros'. Ou seja, Paulo busca que os seus ouvintes, seguidores, discípulos, amadureçam no evangelho. Ou seja, que entendam que temos que confiar 101% em Cristo.

 

Mas então, será que o próprio Cristo estava errado em Mateus 19. 13,14, quando crianças vão até ele e ele diz: “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”.


Cristo, de forma bem prática, diz que o Reino dos Céus é para quem é semelhantes às crianças.


E agora, como fazer para entendermos estes dois textos, entender que um complementa o outro? Primeiro precisamos entender o que é de fato maturidade cristã.

 

Existem diversos tipo de maturidade: a física, intelectual, moral, emocional. E acima de todas a maturidade espiritual, cristã. Só atingimos a maturidade cristã quando nos relacionamos de forma madura com Cristo. E esse relacionamento só acontece quando o adoramos, ou seja, quando temos uma vida em que nosso propósito é glorificar a Deus; quando confiamos inteiramente nEle; quando o amamos de todo o coração; e, quando o obedecemos sem pestanejar.

 

E pra conseguirmos de fato esse nível de maturidade, esse nível de relacionamento, precisamos entender quem de fato é Jesus!


Em Colossenses 1 temos uma das mais belas descrições do nosso Senhor: ele é o Senhor da criação, pois por meio dEle tudo foi criado; Senhor da igreja, pois através dEle tudo foi reconciliado; Ele é a imagem e plenitude de Deus; e por tudo que Ele fez, desde a criação até a reconciliação. Ele é o Senhor da criação e da igreja, o Senhor das criações.


Quando entendemos isso, afastamos o Jesus político, fraco, insignificante, revolucionário que tentam pregar pra nós. O Jesus autêntico nós só encontramos na Bíblia. Por isso precisamos ler sempre e de forma atenta a Palavra, pra conhecermos de fato Cristo, pois Ele é de fato a centralidade, o objetivo de toda a Bíblia: apresentá-lo e também apresentar a salvação que vem por meio dEle.

 

Quando atingimos esse nível de maturidade começamos a de fato o adorar, confiar, amar e obedecer. Quando fazemos isso passamos a ser como crianças que Jesus diz que é delas o Reino. Passamos a ser como elas pois crianças são puras, inocentes. Devido a isso, a criança confia, ama seus pais. A criança respeita seu pai, por isso o obedece, mesmo muitas vezes não concordando.

 

Vemos isso no nosso Mestre. Em Lucas vemos Jesus, aos 12 anos sendo procurado por seus pais na volta da Páscoa de Jerusalém para Nazaré. Note, é só na volta que isso acontece. Para entendermos esta passagem, necessitamos entender também a cultura da época. Era permitido às crianças que, durante a viagem de ida e volta, que caminhassem com seus amigos. Mas, ao pôr-do-sol, todas tinham que estar com seus pais para dormirem em família.


Com isso percebemos que Jesus sempre obedeceu a seus pais e as diretrizes culturais da época. E também entendemos que Maria e José não eram pais esquecidos, mas pais que confiavam que seu filho obedeceria, por isso o procuraram só ao fim do dia. E quando voltam, Cristo diz: estava na casa de meu Pai. Vemos em Cristo a dupla obediência, ao pai da terra e dos Céus. É esse mix que os dois textos tentam fazer, agir como criança, só que com a maturidade de um adulto, com a maturidade cristã.


Cristo nos chama a ser maduros, a ter um relacionamento mais profundo com ele, mas sem perdermos a pureza e inocência de uma criança.


Matheus Longo Mendes.

Imagem: Internet.


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