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Estado Laico, servo de todos os cidadãos

O fato do Estado ser laico é uma benção. O próprio Jesus fez essa distinção entre Igreja e Estado quando ordenou "deem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus"[1].


Um dos pontos defendidos pela Reforma Protestante, promovida por Martinho Lutero na Alemanha no século XVI, defendia a distinção ou separação entre Igreja e Estado. À época da Reforma, todos os Estados eram submissos ao Papa, visto ser ele o representante de Deus na Terra. Logo, se ele representa Deus, ele é o maior rei entre todos os governantes.


Lutero vem com a ideia de que o Evangelho não é para o governo secular e sim para reger a Igreja.


“Os luteranos acreditavam que os cristãos não [são] obrigados pelas Escrituras a se privar da vida política, mas poderiam participar e até mesmo governar, desde que não falassem em nome da Igreja, mas falassem por si e pelas suas crenças, para o bem do povo em geral, não apenas dos cristãos.” (SIC)[2]


Assim, vemos que a Reforma Luterana propunha uma divisão clara, tal qual Cristo propôs, entre a Igreja e o Estado.


A laicidade estatal garante que ninguém será cristão sob a ameaça de morte nem por coação governamental. A laicidade do Estado garante que eu, como cristão, tenho o mesmo direito de crer e cultuar como qualquer outro de outra religião...


 

A laicidade do Estado ensina que todos podem conviver discordando

e que o Governo deve atender às NECESSIDADES da POPULAÇÃO e

não de um grupo especifico de pessoas.

 

Não estou dizendo, com isso, que cristãos idôneos não possam ser políticos. Mas digo que a motivação dessa candidatura deve ser o serviço à sociedade como se fosse prestado à Deus e não o interesse de servir especialmente o grupo dos cristãos dentro da sociedade.


Também não estou dizendo que quem está no governo não possa ter comportamentos cristãos, aliás, deve. Ética, moral, educação e costumes saudáveis deveriam ser algo natural em todo cristão. Mas não é bem o que se vê nos pseudocristãos que estão na vida pública hoje em dia.


Vimos, recentemente, um exemplo de cristão que aparentemente favorecia pessoas de sua entidade religiosa em cirurgias de catarata, varizes e vasectomia no Rio de Janeiro.[3] Um claro exemplo de mau cristão, fazendo uso da sua posição para favorecer um grupo específico. Claro que isso vale para todos: vale para o budista, umbandista, católico ou qualquer outra religião. O que queremos dizer é que....

 

a máquina pública não deve ser utilizada

para o favorecimento de nenhum grupo em detrimento de outro,

dentro da sociedade.

 

O que eu quero dizer, com esse texto, é que o fato do Estado ser laico é uma dádiva que impede o próprio Estado de proibir-nos de cultuar. Enquanto o Estado for laico, o Governo, em teoria, está ali para atender às necessidades de todos os cidadãos, independentemente de raça, credo, crença ou religião.


Os candidatos cristãos não devem fazer uso de suas atribuições políticas para “defender os cristãos”, todavia devem defender os valores cristãos – a ética, a moralidade, a família, a vida. Entretanto, não devem se fechar em uma redoma de vidro e procurar atender somente os cristãos, mas devem sim procurar atender às necessidades e desejos da população em geral, uma vez que é isso que a democracia propõe-se a fazer: atender aos desejos do povo, assim como diz nossa constituição: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”.[4]


Outra questão inaceitável, em minha opinião, é fazer uso do púlpito onde deve ser pregada a mensagem do Evangelho para dar voz à políticos, sejam eles cristãos ou não...

 

A Igreja não é espaço para campanha eleitoral,

que se faça isso na rádio, TV, nas ruas e nos salões de eventos!

 

Que os candidatos aos cargos eletivos nessa corrida eleitoral entendam que devem servir à população em geral, para o bem de todos e a felicidade da nação!



Eric de Moura | Teólogo e Influenciador Digital no facebook.com/cafecomeric

[1] Lucas 20.25, NVI

[2] Disponível em https://thiagosurian.wordpress.com/2013/04/12/a-reforma-e-a-separacao-entre-igreja-e-estado/, Acesso em 28/08/2018

[3] Informe-se melhor em https://www.conjur.com.br/2018-jul-10/crivella-enfrenta-pedidos-impeachment-favorecer-evangelicos

[4] Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm, Acesso em 28/08/18


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