O Pequeno Príncipe tem uma frase perfeita para começarmos a falar sobre chance e casamento: “É loucura jogar fora todas as chances de ser feliz porque uma tentativa não deu certo.” Casamento produz chances, inúmeras, de todos os tipos, em todos os tempos. Porém, muitos não aguentam as pressões e jogam fora as chances que a vida conjugal dá por causa de uma tentativa fracassada. E, quando se trata de fracasso, cabe a pergunta: Quem nunca fracassou? Desconheço tal pessoa, e eu, se tivesse um segundo nome, bem poderia ser sr. Fracasso, por conta de todos os fracassos que já experimentei...
Chances, todos gostamos e precisamos. Carecemos ser alvos de tolerância, perdão, recomeço. E carecemos porque erramos. E o lugar onde mais se manifesta nossos erros é no nosso ninho, seja solteiro, seja casado. Se não tiver nenhuma visita é no lar que somos nós mesmos, é no lar que transitamos sem maquiagens, sem penteados, sem roupas bem passadas e combinadas, é no lar que colocamos o pé na mesa, é no lar que não nos incomodamos com as olheiras na hora que acordamos. No lar, enfim, não somos nutella, somos raiz.
E porque somos raiz nos expressamos em estado bruto. É aí que machucamos as pessoas que mais amamos. Um olhar frio, uma palavra áspera, uma respirada nervosa, um grito violento, uma ofensa dura, uma impaciência eliminadora de diálogos, um silêncio gélido que só se encontra no polo norte. Tudo isso são rotinas que se repetem e cansam, e machucam, e maltratam, e, as vezes, matam o prazer, o relacionamento, a esperança. Tudo isso acontece no contexto no qual habitam pessoas que se amam e não percebem que se agridem. Se percebem, na maioria das vezes desaprenderam o caminho do conserto.
E por que tais pessoas estão juntas? Por que insistem? Chances! Poucos lugares no mundo dão tantas chances. O lar é um destes lugares onde somos confrontados e confrontamos, somos humilhados e humilhamos, somos testados e testamos, amaduremos e ajudamos a amadurecer, somos perdoados e perdoamos, somos amados e amamos. Isso são chances! Muitas, inúmeras, todos os dias. Mas, muitos, como dito pelo Pequeno Príncipe, jogam fora por causa de uma tentativa fracassada.
A princípio pode parecer que vivemos um caos. Mas não. O casamento tem muitas chances. E isso é comprovado estatisticamente. No início de 2018, ouvindo a CBN Campinas no carro, uma notícia me alegrou e me indignou ao mesmo tempo, a repórter disse mais ou menos assim: “O número de casamentos formais no Brasil cresceu mais de 30% em 2017, as pessoas ainda continuam acreditando na instituição do casamento.”
Minha alegria é bastante óbvia, o número cresceu. Minha indignação fica por conta do desrespeito com a opção da maioria, “as pessoas AINDA continuam acreditando...”. O número cresceu e continuará crescendo pelo simples fato que a agenda cultural e filosófica que tenta nos fazer engolir o que ela entende como verdade, moderno e correto, simplesmente não consegue emplacar uma alternativa ao projeto de Deus, projeto equilibrado, perfeito e sagrado chamado família.
Não desista. Insista. Persista. No pacote do casamento existem desafios, dores, sofrimentos, mas também felicidades, realizações, prazeres e... chances. Nossa família é nosso refúgio, é nosso “pedaço de céu” onde temos a chance de, através de nossos atos e gestos, glorificarmos o nome de Cristo.
Aquele que é considerado o maior compositor de jazz americano de todos os tempos, o já falecido Duke Ellington, artista com uma brilhante e premiada carreira, deixou um conselho para todos que têm fé nAquele que criou o casamento e acreditam no poder contido por trás de cada nova chance, um conselho que vale para mim, que vale para você: “Um problema é uma chance para você fazer o seu melhor.”
Edmilson Mendes | Publicitário, escritor e pastor. Autor do site Cálice de vida.