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O suicídio de pastores na Igreja evangélica brasileira

Esta semana estourou nas redes sociais dos evangélicos a notícia do suicídio de dois pastores da Igreja Evangélica Assembléia de Deus. Foram fatos lamentáveis que entristeceram boa parte da comunidade cristã brasileira.

Mas esses fatos me fizeram refletir sobre o quanto nós como igreja temos sido (ou não) comunidade terapêutica de fato e de verdade. Deveríamos ser um ambiente de cura, aceitação e amparo, mas infelizmente não é isso que vemos atualmente.

Falar de doenças emocionais no cenário cristão-evangélico atual ainda é tabu e está rodeado de obscuridades. Há quem não compreenda as doenças emocionais e julgue quem as adquire como pessoas em pecado ou distantes de Deus. Outros tem uma visão tão equivocada do Evangelho que não permitem que seus pastores e líderes demonstrem fraquezas e dores. Estes, por estarem na posição que estão, devem ser sempre perfeitos e plenamente prontos a ajudar. E com isso os líderes cristãos adoecem emocionalmente.

Por debaixo dos panos e por detrás das cortinas muitos líderes sofrem calados suas mazelas e dores, porque suas comunidades são espaços que os sugam e que de forma alguma estarão dispostas a servi-lo, com um ombro amigo ou um abraço carinhoso. Esses líderes não raras vezes procuram sem sucesso um amigo fidedigno em quem confiar. Nem os próprios líderes estão dispostos a ouvir e ajudar seus companheiros. A missão pastoral é tão solitária que por vezes o pastor não pode sequer compartilhar com sua família suas dores. E vai-se gerando uma geração de líderes doentes e cada vez mais fracos.

Me choca saber que pastores chegaram ao ponto do suicídio. Mas infelizmente esse é somente o retrato de uma igreja que não ama seus líderes e querem apenas sugar suas energias e sua capacidade produtiva. Infelizmente, grande parte da culpa da morte física, mental e espiritual de muitos líderes no contexto brasileiro recai sobre os liderados que se comportam como consumidores da fé ao invés de ovelhas dispostas a apoiarem e levantarem seus pastores quando estes vierem a precisar.

Finalizo este texto com um apelo apaixonado: líderes, permitam-se ser pastoreados. Abramos nossos corações uns aos outros e permitamos que o Espírito ministre em nosso meio por meio da amizade sincera entre iguais, que muitas vezes padecem as mesmas crises. Aos liderados, ao povo cristão eu peço: não exijam de seus pastores mais do que eles podem lhe oferecer. Eles são humanos e pecadores tanto quanto você. Eles precisam de carinho, afeto e principalmente das suas orações. Adote seus líderes em oração e seja abençoado!

Espero, do fundo da minha alma, que mais nenhum pastor precise morrer pra que mudemos. Em nome de Jesus, sejamos uma comunidade terapêutica!


Eric de Moura | Missionário e teólogo.

(Pastor Ricardo Moisés de Cornélio Procópio, e pastor Júlio César Silva de Araruama. Fonte: JM Notícia).


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