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Combo de poesias: Os urubus e a cidadania

Os Urubus...

Parei pra olhar os urubus

Eles não contrastam os céus,

Na verdade, embelezam o azul,

Também são criaturas de Deus.

Quem já não brincou, quando criança

De desenhar um céu bem azul?

Enchendo de riscos de urubu,

Voando com folgança.

Os urubus têm maneira própria de existência

Se pensarmos bem a fundo,

Eles completam, como o lápis preto

A caixa do colorido mundo.

Também sou cidadão

Chuva

Na rua

E minha carne nua

E crua

Na cama.

E a lama

Escorre

Na calçada.

De sandália

Calçada

Nos pés

Tomo o ônibus

Não tenho tênis

E nem posso ir de táxi

Molho os pés.

Deixo a barba crescer

O feijão de molho

Pra amolecer

De tempero só repolho

Pra comer.

Acabou o gás,

Mas lá fora tem tanto gás

Nas ruas saindo dos carros

Dos navios no cais

O efeito estufa

Só estufa mais.

Vão cortar a energia

Por causa da taxa de iluminação

Mas lá na minha rua

Os policiais não vão

Medo do escuro

Ou medo do ladrão?

Eu vou pra fila

Do bolsa família

Fico doente de esperar

Saio direto pra farmácia

É o que dá pra comprar.

Dou duro,

Me esforço,

Tento trabalhar,

Mas o moço da esquina

Pirateia sem parar

O que faço?

Esqueço esse negócio de poetar?

Eu nem tenho nome...

Por que o poeta no Brasil

Morre de fome?

Wellington Lima | Teólogo, poeta, pastor e autor da fanpage "Teologia, poesia e prosa": https://www.facebook.com/Teologiapoesiaeprosa


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