Se você é católico, certamente já ouviu as palavras na missa: “Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis. (latim)” ou “Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.”[1]. Se você for evangélico, já cantou a canção Agnus Dei ou “Cordeiro de Deus”: “Aleluia! Aleluia! Ao Cordeiro do Trino Deus (ao Senhor Poderoso Deus)”. Se você não conhece nada disso, não tem problema! Te convido a conhecer mais do Menino que é Cordeiro!
Sobre o cordeiro
Os carneiros e as ovelhas são os genitores dos cordeiros. O cordeiro é um animal bem novo, e que não teve contato sexual com a fêmea, ele seria considerado assim, até por volta de quatorze meses[2].
Esse foi o principal animal escolhido para o sistema sacrificial da Antiga Aliança, regulamentada sob a liderança de Moisés (saiba mais no livro de Levítico). Nesta época, haviam dois sacrifícios diários de cordeiros (Números 28.3-4), além do Cordeiro pascal (Ex 12.3-6), que era comido na refeição da noite do dia 14 de nisã, que no calendário judaico correspondia entre março e abril.
A ideia de Deus com esse sistema sacrificial era demonstrar a incapacidade da humanidade de salvar a si mesma. Ao levar o cordeiro para o sacrifício, tanto o ofertante como o sacerdote, declaravam que eram pecadores e precisavam de um substituto, porém, a Antiga Aliança se mostrava incompleta e imperfeita, como nos diz Hebreus 10.4: 'porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.' Tudo isso, era apenas sombra da realidade que estava por vir!
Sobre O Menino
Na história da Salvação, houve um tempo em que o próprio Deus mandou seu Cordeiro. Esse Cordeiro era diferente de todos os outros que foram sacrificados. Claramente a Bíblia aplica a imagem do cordeiro à Jesus (Isaías 53; João 1.29). E essa imagem tem tudo a ver com o Natal.
Na Antiga Aliança era exigido um cordeiro perfeito e sem mancha. Jesus da mesma forma preencheu esses critérios. Ele veio do céu, foi gerado pelo Espírito Santo em Maria, por meio de um milagre, sem a necessidade de uma relação sexual com José (Mateus 1.18). A Santa Criança nasceu e não pecou. Por isso Deus aceitou o sacrifício de Cristo. Este foi o sacrifício definitivo! O Natal é a certeza de que a realidade do perdão de Deus chegou!
Por causa de Sua inocência, o Menino era O Cordeiro que Deus esperava. Por ser santo, Jesus veio ao mundo como pessoa sem pecado. Não cedeu às tentações, vivendo sem ser manchado. E assim, foi até a cruz, morrer em nosso lugar!
Antes da cruz, no início do Seu Ministério, o profeta João Batista brada em alta voz quando vê Nosso Senhor: 'Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!' (João 1.29) “O Messias esperado, ao chegar, não é ‘leão’, mas ‘Cordeiro’, não ‘rei’, mas ‘Servo’ (Mt 20.28). Do mesmo modo, o ‘Rei dos reis e Senhor de todos os senhores’ aparece no Apocalipse de João como ‘Cordeiro trucidado’”[3].
Sobre você
Mais um Natal chegou, e mais do que se debruçar em debates sobre o pinheiro, o panetone e o papai Noel, devemos refletir sobre o Menino como O Cordeiro de Deus. Na prática, Natal tem a ver com uma interrupção de Deus diante da nossa escolha pelo pecado. Deus mandou Jesus para morrer no lugar dos que se afastaram de Sua amizade. Desde o Éden (ver Gênesis 2 e 3) nos afundamos na lama do pecado, o Natal é Deus entrando na lama (sem se contaminar com seus males), nos tirando dela para vivermos para Ele. Diante disso, vejamos duas representações do Natal para nossa vida.
Primeiro, o Natal representa que O Cordeiro veio para nos substituir. Jesus veio morrer a nossa morte. Pecamos contra Deus e precisamos de um Substituto que nos salve. No Natal, o Menino da manjedoura se apresenta como o Cordeiro Salvador que veio morrer a nossa morte para vivermos Sua vida (Jo 1.29-31). Sua meditação, sua boa ação, sua vida religiosa, seu pagamento de impostos, seu bom caráter, sua arte, sua moda, não podem trazer o perdão de Deus. O Natal só acontecerá na sua vida se você acreditar no Menino que é Cordeiro.
Segundo, o Natal representa que podemos viver de uma maneira que agrade a Deus. Segundo João Batista, o Pai nos dá um presente que podemos chamar de "O Presente do Cordeiro": o batismo no Espírito. (V.32-34). Esse batismo é tanto a vinda do Espírito para o nosso coração, como o Seu poder sobre a nossa vida por meio dos dons espirituais. O Espírito tanto realiza o Natal em nós (faz Cristo nascer em nós) como caminha em nós, nos ensinado a obedecer a Deus.
Quando o Natal do Cordeiro acontece na gente, damos adeus aos vícios, à prostituição, à infidelidade conjugal e para com Deus. Você não é somente perdoado por Deus, mas é habilitado a viver e seguir os passos do Cordeiro de Deus que tira o pecado de todo o que nele crê. Louve o Cordeiro! Creia no Cordeiro!
Andrei Sampaio Soares | teólogo, escritor e criador/editor do Além Portal.
[1] Cordeiro de Deus. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cordeiro_de_Deus. Acesso: 08/12/17.
[2] Cordeiro ou Carneiro? Disponível em:
https://www.google.com.br/amp/s/defendendoafecrista.wordpress.com/2017/05/15/cordeiro-ou-carneiro/amp/. Acesso: 08/12/17.
[3] Boor, de Werner. Evangelho de João I: comentário Esperança. Tradução: Werner Fuchs. Curitiba: Esperança, 2002.