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O Evangelho e a cultura - uma relação de amor e ódio

O Evangelho e a cultura podem ser conciliados? A cultura pode contribuir para o Reino? A cultura tem aspectos positivos que somem na pregação do Evangelho para os dias atuais? Todas essas perguntas, se fossem feitas há 20 anos seriam respondidas com um sonoro “Não!”. Mas os tempos mudaram e podemos repensar com carinho nas respostas para essas perguntas. Aliás, eu diria que a Igreja precisa com urgência responder essas perguntas que têm sido feitas por muitos de seus membros comprometidos com o Reino de Deus e com a Igreja do Senhor.


Sabemos que a cultura tem aspectos positivos e que podem contribuir para a pregação do Evangelho do Reino. Por anos e anos a fio, os cristãos evangélicos – principalmente os de linhagem pentecostal – fecharam-se para a cultura. Fecharam-se em um gueto onde só lhes era permitido ler, ouvir, assistir e consumir produtos que fossem fabricados no mercado gospel. E por causa disso muitas igrejas perderam o time da pregação do Evangelho. Por causa do nosso isolamento cultural criamos um linguajar próprio, costumes próprios e muitos de nós não sabemos nos comunicar com um não cristão.


De acordo com Tiago 1.17, Deus é a origem de todo bem que a humanidade produz; nessa linha de pensamento podemos afirmar que a cultura tem itens que podem claramente ser harmonizados com o Evangelho e sua pregação. Perceba que existem muito mais princípios cristãos em “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã” do que naquela música que fala de vingança com sabor de mel. A Igreja, para uma pregação mais eficaz, tem que saber adaptar os princípios imutáveis da Escritura imutável para uma linguagem contextualizada e atualizada. Precisamos ensinar princípios eternos em uma roupagem que pode mudar ao longo do tempo. A cultura não é uma vilã, pois Deus dotou seres humanos de capacidades de produção de bons conteúdos por meio de um expediente conhecido na teologia como Graça Comum; cabe a nós usar esses recursos culturais como ferramenta na proclamação do Evangelho.


“Mas, Eric, podemos usar tudo da cultura?”, você pode me perguntar. A resposta é não. Existem itens culturais que claramente vêm de encontro com o Evangelho, colocando-se em oposição aos seus princípios eternos. Nesses casos, como o exemplo de uma menina de quatro anos tocando um homem nu em um museu ou de uma exposição de arte que ridiculariza a fé cristã ou ainda em histórias que envolvem princípios morais alheios ao Evangelho, nós, como Igreja, precisamos nos posicionar em defesa dos princípios da verdade, moralidade e da eternidade.


Em resumo, a ideia quanto a esse assunto é a do equilíbrio. Não podemos ficar nos extremos de polarização. Nem demonizar nem sacralizar a cultura como um todo, mas devemos lê-la pelas lentes da Escritura e fazer a filtragem de conteúdo. Quanto ao que for bom, reter; ao que for ruim, descartar; ao que for imoral, posicionar-se como coluna da verdade. Se fizermos isso, seremos Igreja que serve a Deus em sua geração e para a glória dEle. Coloque esses princípios em prática em sua igreja local, pois é lá que se dá o trabalho real do Corpo de Cristo. Tiremos os conceitos da teoria e levemo-los ao campo das ações, pela graça e para a glória de Cristo!


Eric de Moura | teólogo e escritor.


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