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Eu tenho direito ao céu

Você conhece a parábola do filho pródigo? Ela está em Lucas 15. O homem tem dois filhos. O filho mais novo pede sua parte da herança, ele vai embora, vive uma vida fútil e gasta tudo, quando volta é recebido pelo pai com o mesmo amor, um amor que não diminuiu nem um pouco; enquanto o outro irmão esteve lá o tempo todo. Esse é um breve resumo da parábola.


Não que seja uma grande novidade, mas vamos conversar sobre o filho que ficou, o filho mais velho. Ele se indigna com a forma com que seu pai recebe seu irmão, está revoltado com a forma que irmão descabeçado é tratado e deixa isso bem claro: “Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos; Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.”


Pense como ele. Eu fiquei aqui, eu trabalhei, eu estive com meu pai, eu não o abandonei, eu não fui irresponsável. Logo, eu mereço o amor do meu pai, eu tenho esse direito, meu irmão não. Este pensa que o amor deve ser creditado a ele por mérito, ele fez algo para receber esse amor, então quem merece é ele, oras! E quando ele diz que tem cuidado dos negócios do pai, pense, seria isso mesmo? Porque a parte do outro irmão já foi gasta e desperdiçada, a única parte que restou é a dele, por consequência, está cuidando do seu próprio negócio, das suas coisas. É bem verdade que aquilo vem de seu pai, mas o que há ali, é seu!


Esse filho mais velho pode ser comparado ao crente velho, aquele crente que está há anos na igreja, nunca saiu, mas talvez nunca tenha compreendido de fato o evangelho. Porque entender o evangelho é entender a graça maravilhosa de Cristo. Enquanto a graça é uma boa notícia para quem está fora, uma notícia de que você é amado, de que você é perdoado, de que você pode ser restaurado não importa o que você tenha feito, de que o amor de Cristo por você não pode aumentar nem diminuir por nenhuma de nossas ações, ele é perene e incondicional, é a melhor notícia de todas, é a notícia que salvou o ladrão na cruz, o ladrão que passou sua vida mergulhado nas piores escolhes e nos minutos finais teve sua redenção garantida pelo próprio Cristo que morria ali mesmo pelos pecados dele, pelo meu e pelo seu. E, ao mesmo tempo que a graça é essa boa notícia para o perdido, ela pode ser uma ofensa para quem está na igreja há anos, para quem luta todos os dias contra as tentações, para quem se esforça para levar uma vida regrada, afinal, a graça pode salvar essa pessoa e como alguém que talvez tenha causado um holocausto, porque um arrependimento verdadeiro gera redenção dos pecados, redirecionamento de rota e salvação!


Por que essa pessoa não entendeu o evangelho? Porque a graça não está baseada na meritocracia, não merecemos o amor de Deus, nem você que vai à igreja todo sábado, nem o pior traficante da sua cidade, porque todos somos pecadores, nenhum de nós pode alcançar a Deus por nossos esforços ou ações. Quando ousamos pensar que algo que fizemos vai nos aproximar ou afastar de Deus, estamos desconsiderando a morte de Cristo! A coisa mais poderosa que aconteceu na história do mundo foi a morte e ressurreição de Cristo, o pagamento da nossa sentença! Em Mateus 19:26, Jesus diz: “Ninguém tem chance, se pensam que conseguirão por esforço próprio. A única maneira é deixar Deus agir. Só Ele tem o poder de fazer.”


O problema é que confundimos a ordem das coisas: nós não obedecemos a Deus para sermos salvos, nós somos salvos e por isso obedecemos a Deus, por isso temos fé, por isso buscamos melhorar, não porque Deus vai nos amar mais, mas exatamente pelo fato de Ele nos amar! C.S. Lewis que disse uma vez: “Deus te ama o suficiente pra te receber do jeito que você está, mas Ele te ama demais pra deixar como você está!” Deus quer nos transformar, quer mudar nossas vidas, quer fazer coisas que jamais imaginamos ou planejamos, Ele quer te surpreender!


O filho mais velho desprezou o arrependimento, desprezou a maravilha da graça de Cristo que recai e está disponível a todos, quem seremos nós? Nós também precisamos do perdão e da graça todos os dias, nós também precisamos de redirecionamento de rota, vamos mesmo olhar pra Cristo e dizer: “Nossa, como assim, você está aceitando essa pessoa depois de tudo o que ela fez?” Ou, como somos salvos, vamos seguir seu mandamento de amar a Ele e amarmos uns aos outros. (Marcos 12: 30-31). Nenhum de nós tem direito ao céu, o céu nos foi dado de presente, Deus nos amou de tal maneira, com um amor tão inexplicável, mudando o curso da história, trazendo ao mundo, que nós condenamos ao pecado, uma nova chance. Conhecer essa incrível história deve fazer com que percebamos a ordem correta da frase: Ele nos salvou e é por isso que o seguimos!


Mariana Mendes | gerente de Mídias Sociais, escritora e criadora de conteúdo para o canal: youtube.com/entrelinhas

Imagem: Cleófas.


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