Olá, amigo, leitor do Além Portal! Tudo bem? Quero convidá-lo para mais um café de amigos. Não entenda as minhas palavras neste artigo como afronta ou crítica sem amor.
A primeira coisa que eu gostaria de deixar clara é que eu amo a Igreja de Nosso Senhor. Eu falo isso para que ninguém me interprete mal ou me julgue como uma pessoa sem amor por ela. Outra coisa: tudo que eu falarei a seguir são experiências de quem está engajado na Igreja e tenta fazer dela um sinalizador do Reino de Deus na Terra.
Precisamos conversar abertamente sobre as nossas teorias. Somos teóricos brilhantes, temos teólogos excelentes e nossa literatura é bem sedimentada biblicamente. Nossos livros de missiologia, eclesiologia e outras tantas “logias” são vastos, com opções de autores nacionais, internacionais; temos livros técnicos e devocionais; com conteúdo denso ou mais fluido; com muitas ou poucas páginas.
Nossos seminários teológicos formam teólogos maravilhosos, que sabem tudo sobre a missão de Deus (Missio Dei, para os teólogos de plantão que me leem), entendem qual o papel da igreja no mundo, sabem que a Igreja precisa ser relevante, entendem que a contextualização do evangelho é vital para uma pregação eficiente, são missionais em seus escritos, artigos teológicos, ensaios bíblicos, sermões homiléticos e palestras bem desenvolvidas.
Entendemos muito bem que a Igreja deve ser relevante para a comunidade onde está inserida, teoricamente. Mas na prática a maioria dos vizinhos de nossos lugares de reunião não sentiria falta ou – pior ainda – agradeceriam caso aquele lugar mudasse dali ou deixasse de existir. Temos a expertise de como ser uma igreja bíblica, servidora e relevante, mas não temos o know how, não sabemos como tirar esse assunto dos livros acadêmicos e leva-los até as nossas igrejas locais; são poucas que conseguem ser biblicamente centradas, socialmente relevantes, hierárquica e institucionalmente atraentes.
E eu ainda não falei dos sermões sobre fidelidade a Deus, amor ao próximo, respeito às diversidades. São embasados biblicamente, são bem organizados logicamente, mas não são praticados no dia-a-dia das ovelhas. São meros textos falados – às vezes lidos – e não produzem efeito. Pregamos bem sobre amor, mas não somos capazes de amar nem nossos próprios irmãos. Queremos ganhar o mundo para Cristo, mas não convidamos o vizinho para um grupo pequeno em nossa casa. Nossa teoria sobre perdão é muito bonita, mas quando alguém peca o que se vê são dedos de juízes estendidos no lugar de mãos de amigos que querem levantar o caído. A Igreja hoje fere, ofende e, muitas vezes, mata ao invés de amar, perdoar e curar o doente.
“Mas, Eric, o que pode ser feito para mudar essa realidade?” Aqui vai minha opinião: podemos mudar essas realidades de duas formas: tirando nossas teorias do papel e fazendo com elas o que Jesus faria: praticando, mesmo com tudo ao contrário e nos impulsionando a desistir. Outra forma de mudar essa teorização é orar a Deus por um reavivamento. Uma Igreja avivada cumpre com eficiência a Missio Dei; uma Igreja avivada é biblicamente centrada, socialmente relevante e institucionalmente santa. Clamemos a Deus por um avivamento, pois nossas teorias só serão práticas efetivas e válidas se estiverem sob a ação direta do Espírito Santo, o capacitador da Igreja!
Vale ressaltar, para concluirmos nossa conversa, que a Igreja pertence a Jesus Cristo e Ele tem controle sobre ela. Por isso, clamemos a Ele que avive Sua Igreja para a Glória dEle e para a salvação dos perdidos! Amém!
Por Eric de Moura | teólogo e escritor.