Semana passada, conversamos sobre a Sola Fide, Somente a Fé, hoje, partimos para a Sola Scriptura, Somente a Escritura. Antes de chegar ao ponto do porque essa sola se faz necessária na Reforma, precisamos saber o que estava de errado.
As tradições! Sim, o grande problema foi que as tradições começaram a ocupar um lugar de autoridade superior à Bíblia. Isso se dava ainda mais, porque como a Igreja era anterior a formação da Bíblia (com os 66 livros), ela usava este argumento, para fazer com que sua voz fosse maior que a da Escritura. Não estamos dizendo que tradições não são boas, ou que são condenáveis; mas quando uma tradição entra em choque com a Palavra, quem deve prevalecer? A Palavra! A tradição não pode estar alheia à Escritura! O problema é que a instituição igreja e seus líderes não estão 100% certos todo o tempo. Somos humanos, somos pecadores desde o nascimento, desde que rompemos com Deus e, portanto, estamos fadados a cometer erros e injustiças, a fazer julgamentos equivocados. Nossos concílios e denominações podem sim falhar. Isso não tira a autoridade do líder, e aqui não estamos dizendo que você pode desrespeitar e diminuir a liderança de alguém, o ponto em discussão é: não se deve endeusar alguém e transformar essa pessoa em um vigário, isto é, substituto de Cristo na Terra, como se todas as suas palavras fossem que te basta. Você deve sim questionar, duvidar e confrontar a palavra do líder com a Palavra de Deus.
Agora, vejamos o que está escrito em II Timóteo 3.16 “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça”. Dá para notar nesse trecho que a Bíblia é abrangente, certo? Ela abraça todos os sentidos que precisamos como seres humanos: ensino, repreensão, correção e instrução na justiça, resumidamente falando.
A Escritura é a palavra de Deus. Ele inspirou homens a escreverem Sua mensagem, Sua vontade, deixando assim um guia para todo aquele que busca restaurar um relacionamento com o Pai. A Reforma trouxe a ideia de que a Bíblia é nossa única regra de fé e prática. E a ela devemos seguir acima de tudo. Portanto, quando alguma instituição tem a ideia de não disponibilizar a Palavra para exame e consulta de todos, ela está violando um direito de todo aquele que busca a Deus. É bem verdade que se faz necessário consultar uma pessoa que seja capacitada nos estudos da Bíblia quando há dúvida; leigos precisam de orientação, mas todos devem ter acesso à Escritura. E o mais importante, buscando um relacionamento com Deus, encontramos a verdade, através de um insight, do seu pastor, de uma conversa, etc...
Uma coisa importante: a Reforma não defende a livre interpretação do texto da Bíblia, o texto não se torna relativo, para que deixemos seu sentido como nos parecer mais confortável e agradável, a Reforma defende a busca pela raiz do texto, a busca pela pura verdade da Escritura. A gente tende a querer fazer isso de ajustar o texto à nossa realidade, e a Reforma surgiu exatamente pelo mau uso da Palavra, surge porque a Palavra estava sendo distorcida. Então, temos que ter cuidado, buscar conhecer e estudar a Palavra, e não pegar textos e frases soltas para encaixar numa “realidade fake”.
Agora que sabemos, nos resta fazer nossa parte: a Bíblia está aí, nós a temos disponível, em nossas mãos, em diversas versões, é somente a Escritura, e ela é suficiente, abrangente e completa. Mas realmente precisamos abrir, ler e estudar essa Escritura.
Mariana Mendes | gerente de Mídias Sociais, escritora e criadora de conteúdo para o canal: youtube.com/entrelinhas