Pessoas sensíveis são fortes, porque conseguem ultrapassar o egocentrismo e enxergar o outro de maneira amorosa. Os sensíveis veem além do óbvio. Quando alguém está triste ou demonstra falsa alegria para mascarar o medo, os sensíveis percebem e estendem a mão.
Os sensíveis não ignoram a importância da autorreflexão. Quando erram, procuram corrigir seus erros. Quando acertam, não se ensoberbecem. Os sensíveis gostam de perdoar. Não porque esperam receber algo em troca, mas porque sabem que estão sujeitos a defeitos e erros também, e foram perdoados gratuitamente.
Mas este tipo de gente, infelizmente, está perdendo espaço nos dias atuais. A razão disto pode vir de fatores encadeados. Cito três para reflexão:
Falta de devoção
Algo de que Jesus não abria mão era o seu relacionamento com o Pai. Mesmo muito atarefado salvando o mundo, pregando de cidade em cidade, ensinando nas casas e sinagogas, orava frequentemente e passava horas conversando com o Pai (Lc 6:12).
Tempo com o Pai nos torna sensíveis e ajuda a enxergarmos como Ele enxerga. E, diga-se de passagem, de acordo com o que a Bíblia relata, o que Deus vê é bem diferente do que estamos acostumados. De outro modo, ficamos embrutecidos e indiferentes ao sofrimento alheio. Deixamos de ver a grandeza de Deus nas coisas simples e nas complexas. Desprezamos o sobrenatural, tudo passa a ser uma questão de sorte ou coincidência.
Desnutrição espiritual
Como resultado da falta de dedicação ao Pai, vem o desinteresse pelas riquezas espirituais. Jesus foi muito claro ao dizer: “ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam” (Mt 6:20). E asseverou: “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6:21).
De que temos nos enchido? Como temos ocupado a nossa mente? São reflexões que eu mesmo tenho feito ultimamente. Por quantas horas saturamos a mente com entretenimento, sob a justificativa de estarmos cansados e precisando relaxar. Assistir a programas de televisão, filmes, séries, jogos, não é pecado. Mas torna-se um grande empecilho à vida espiritual quando toma o lugar do sagrado.
Liderança descomprometida
Outro fator que, a meu ver, está contribuindo para a consolidação de uma geração insensível e a cada dia mais impiedosa é a falta de comprometimento das lideranças eclesiásticas com a Bíblia Sagrada. Não estou dizendo que nossos líderes, pastores e obreiros, têm pregado heresias. Não é este o ponto. Digo sobre líderes sinceros, mas que tem deixado a desejar no zelo com o Deus das Escrituras.
Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, orientou os líderes da igreja a pregarem toda a Palavra e a estarem preparados a tempo e fora de tempo (2 Tm 4:2). Muitos estão sendo negligentes a esse respeito, sendo seletivos no ensino das Escrituras, talvez para não ofender este ou aquele. Porém, o ministro John MacArthur certa vez aconselhou: Nunca suavize o Evangelho. Se a verdade ofende, então deixe que ofenda. As pessoas passam toda sua vida ofendendo a Deus; deixe que se ofendam por um momento.
Assim sendo, a falta de conhecimento das ovelhas de Cristo sobre a revelação das Escrituras está fatalmente promovendo uma visão distorcida sobre Deus e seus atributos. Dando respaldo, mesmo dentro de igrejas, a pessoas odiosas e violentas, que em pouco diferem dos incrédulos.
Feito esse diagnóstico, a resposta para o título deste artigo é muito simples: Se pareça com Jesus! Embora Deus tenha nos perdoado gratuitamente, parecer-se com o Filho exige renúncia diária: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me” (Mt 16:24).
Para se manter sensível, apesar de todas as pancadas da vida, é preciso viver sob o exemplo, a comunhão, e o senhorio do Mestre Jesus Cristo.
Arildo Gomes,
empreendedor em marketing, graduando em Psicologia e teólogo. Escreve no Blog do Arildo: https://blogdoarildo.wordpress.com/ e no site: http://www.psicologiaadois.com.br/.