Evangelizar é algo custoso e que exige de cada um que se propõe a fazê-lo, dedicação e engajamento. Mas, como evangelizar em tempos de redes sociais? Será que postar um versículo e um artigo, uma imagem que nos remete ao sagrado ou um vídeo na web, nos desobriga do compromisso pessoal de levar as boas novas no mundo real?
Ouvi certa vez do padre Antonio Spadaro, autor do livro “ciberteologia” (uma reflexão do Cristianismo e tecnologia), que na rede podemos testemunhar, falar da fé. A rede nos limita por nossos gostos pessoais, criando bolhas de interesses e limitando-nos a amizades com as mesmas preferências.
É claro que, através da web, alcançamos, fazemos a mensagem circular e criamos pontes de contato. São importantes sites, blogs e etc., porém, o engajamento cristão do contato real é mandamento insubstituível (Mt 28.19). A fé cristã é sempre encarnacional, ou seja, embora a virtualidade seja um espaço de testemunho, a realidade é o aprofundamento da mensagem. Em outras palavras, a mensagem cristã requer contato real, participação em viva voz numa igreja e o anúncio na localidade onde habitamos (3Jo 1.14).
Desde que o Verbo se fez carne (Jo 1), nos ensinou com isso que não basta enviar um anjo, uma palavra ou um profeta; o que dizer de mandar apenas um Whats... Mas a participação de cada um no compartilhamento da graça é o que se espera. Podemos testemunhar de maneiro online, porém é ideal o envolvimento com a evangelização em nossa localidade. Num mundo cada vez mais digital em que estamos, é necessário um "internauta se fazer carne" para que a partilha do Verbo transforme o ser humano carnal, para que este, pela graça, tenha um acesso ao mundo celestial.
Andrei Sampaio Soares
teólogo, escritor e criador/editor do Além Portal.