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3 verdades sobre aniversários

Gosto de aniversários. Com o passar dos anos a tendência é considerarmos aniversário coisa para criança. Conforme vamos ficando mais velhos parece que o encanto das celebrações vai diminuindo. Tentei encontrar alguma explicação plausível, todavia, conclui que talvez seja só chatice adulta mesmo. Eu particularmente acho que nunca irei deixar de gostar de comemorar aniversários. Para ser sincero julgo que é mais importante celebrar aniversário do que qualquer outra data. Porque aniversário tem a ver com a existência. Comemorar aniversários “é exaltar a vida e estar contente por ela”.


Reduzir aniversário somente ao universo infantil é menosprezar sua profundidade de significado. Aniversários trazem consigo uma reflexão a respeito da vida. Nossa cultura tem perdido a prática da ponderação diante de certos acontecimentos. Aniversários não são somente bexigas, salgadinhos, doces, bolo, presentes (desse tipo de aniversário eu nem gosto); aniversários são momentos para refletirmos a dinâmica da vida. Se permitirmos todo aniversário irá nos colocar diante de realidades profundas sobre a vida:


Em primeiro lugar, a realidade da existência. Num aniversário, nosso ou de outro, constatamos que estamos vivos. Essa é a beleza de um aniversário. Contemplar o dom da existência. O marco zero da vida. É por isso, que em um aniversário não celebramos os feitos, mas a própria existência. Não elogiamos o que foi ou deixou de ser feito, porém nos congratulamos com a vida em si. Junto com a celebração da vida está à gratidão pelo vencimento e sobrevivência a mais um ano de intensa luta.


Em segundo lugar, a realidade da mortalidade. Aniversários também nos mostram que estamos ficando mais velhos e isto significa que estamos nos aproximando um pouco mais da morte. Esse pode parecer um pensamento mórbido e impróprio para um aniversário, no entanto, gostando ou não é uma realidade que está diante de nós. E aqui está a razão do porque acho que adultos, conforme vão ficando mais velhos, deveriam comemorar mais aniversários. Afinal, conforme uma pessoa vai ficando mais velha ela passa a ter mais passado e menos futuro.


Em terceiro lugar, a realidade da afetuosidade. Aniversários são também oportunos para saber o quanto se é querido, amado, lembrado, reconhecido. As pessoas que nos felicitam não tem outra razão para fazê-lo a não ser por estarem contentes com nossa existência. Quando uma pessoa dá feliz aniversário, muito mais que desejar que o dia seja bom, ela está querendo dizer: “obrigado por ter nascido e por estar aqui conosco”. Nenhuma outra data revela o quanto se é amado do que a do aniversário. Embora as redes sociais tenham deixado fria a percepção dessa realidade, ainda é possível percebê-la nas relações com aqueles que nos são mais próximos. É possível perceber essa afetuosidade em cada presente, ligações, mimos e afins.


Bem, essas são algumas das realidades, que a meu ver, transformam o dia de um aniversário em um dia diferente de qualquer outro. Como já disse, eu gosto de aniversários. Gosto de dar e ganhar presentes. Gosto de festas de aniversário, embora os encontros intimistas me agradem mais. Gosto de aniversários e espero nunca perder o encanto, quase que infantil, por eles. Hoje, completo 30 anos e sei que daqui pra frente a empolgação, principalmente por parte dos outros, irá diminuir. Os presentes serão cada vez menos. No entanto, aumenta o desafio de não deixar a importância desse acontecimento cair na vala comum da vida. Afinal, quando estivermos para dar nosso último suspiro não teremos outra coisa a agradecer a não ser o fato de termos existido.


Ismael Braz,

é teólogo e pastor.


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