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Justiça com sabor de mel?

Creio que o ensino bíblico, independentemente de denominação, é fundamental na formação do caráter cristão na comunidade da fé. Num certo sábado, na Escola Bíblica, estudamos o seguinte versículo:

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, pois serão satisfeitos.” Mateus 5:6


Naquele momento de instrução, achei muito interessante o quanto a relação entre justiça e injustiça mexe com as pessoas. Pareceu que todos tinham uma história pra contar e alguns chegaram a se enfurecer relatando injustiças sofridas. Isto é até compreensível, natural do ser humano.


Clamar por justiça é bom. Deus nos garante, por meio das Escrituras, que são felizes os que esperam a justiça.

“O cristão sabe que existe uma luz no fim do túnel; sabe que, um dia, o mal, em todas as suas nuances e dimensões, será exterminado e a justiça vencerá.” (Estudo nº 5 da revista Lições Bíblicas — Suspire pela justiça.)


“Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos'”. Atos 17:31


Mas um problema ocorre quando não sabemos lidar com a nossa revolta contra a injustiça. O ardente desejo por justiça, seja no âmbito pessoal ou social, pode subitamente tornar-se uma luta por vingança contra aqueles por quem nos sentimos ofendidos. É preciso tomar cuidado.


Muitos podem querer que Deus cobre com a mesma moeda, faça sofrer, massacre, mate, a quem um dia lhe fez mal; às vezes, por razões fúteis. Sem a mínima reflexão, alguns chegam a expor esse ímpeto publicamente, causando inquietação à família, amigos e igreja.


Diante disso, me perguntei: É justiça mesmo que queremos ou pura vingança?


Fiquemos atentos, pois em nome de uma suposta busca por justiça, nosso apetite por vingança pode nos cegar a ponto de não conseguirmos mais enxergar a nós mesmos e muito menos avaliar o peso de nossas ações. Nessa corrida, muitos tornam-se verdadeiros hipócritas, condenando tudo no outro, sem perceber a maldade e o pecado operando em si. Como ensina o texto sagrado em Mateus 7:5, é preciso tirar primeiro a viga do nosso olho e ver claramente para depois tirar o cisco do olho do nosso irmão.


Não é fácil estender a mão a quem se fez nosso inimigo. Porém, temos um bom e definitivo exemplo disso: O próprio Deus! A Bíblia diz que somos pecadores desde o nascimento: “Sei que sou pecador desde que nasci, sim, desde que me concebeu minha mãe.” (Sl 51:5). Ainda que sem querer, repetidamente insultamos a santidade de Deus com certos pensamentos e atitudes. É preciso lembrar que em condição natural, não fosse a regeneração graciosa do Espírito, seríamos tidos por Deus como seus inimigos.


Ele nos amou, resgatou, perdoou, trocou a nossa tristeza por alegria, deu-nos vestes de louvor em vez de espírito angustiado (Is 61:3) e deu-nos tantas outras bênçãos e promessas. Contudo, alguns insistem em humilhar o próximo, vingar-se, tramar a sua morte. Nisto não há coerência alguma.


Fazemos parte da comunidade da graça. Um povo desprovido de força própria, unido pela fé, por meio de Jesus Cristo, sob a direção do Espírito Santo. Verdadeiros discípulos do Mestre são conhecidos pelo amor que tem uns pelos outros: “Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros” (Jo 13:35).


Caro irmão ou irmã, lembre-se que a vingança pertence ao Senhor (Rm 12:19). Somente a Ele! Eis um dos paradoxos mais excêntricos do Evangelho: O nosso papel é amar, até mesmo os nossos inimigos.


“Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’. Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus.” Mateus 5:44


Arildo Gomes,

empreendedor em marketing, graduando em Psicologia e teólogo. Escreve no Blog do Arildo: https://blogdoarildo.wordpress.com/ e no site: http://www.psicologiaadois.com.br/


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