Esse é um tempo virtual. As coisas e a vida acontecem via cloud (termo inglês que se refere à nuvem, internet das coisas). Compartilhar é a palavra que aparece com mais de 180 milhões de resultados na pesquisa do site Google. Não é a primeira vez que conversamos sobre a virtualidade da vida atual, mas continua sendo intrigante a maneira moderna de se relacionar. Embora tenhamos tantos “vínculos” e “contatos”, e nossa rede de relacionamentos via web pareça impedir o vácuo comunicacional, ainda vemos o velho problema da comunicação humana ressurgindo repetidamente aonde menos esperamos: na família, na igreja ou na escola.
Quem assistiu “Thirteen Reasons Why” (A série americana: “Os 13 Porquês”)? Bem, é uma história forte, e tranquilo, não há spoilers! Essa é uma daquelas histórias que nos faz rever conceitos e atitudes. A responsabilidade em pensar ou agir fica na mão do espectador. A série de televisão americana é baseada no livro Thirteen Reasons Why (2007), de Jay Asher, e adaptado por Brian Yorkey para a Netflix.
Essa é uma vibe que retrata, dentre outras coisas, a realidade dos vínculos, do fracasso interpessoal e da desconexa comunicação entre os pares familiares ou próximos de nós em dias atuais. Hanna Baker (Katherine Langford), uma jovem de apenas 17 anos, protagoniza a ficção; seus traumas e vivencias a levaram a pensar no suicídio como única saída. Os 13 porquês, são gravados por ela, em fitas-cassetes, explicando o motivo de seu suicídio. Essas razões envolvem um estereótipo de um mundo individual construído sob traumas, decepções e fracassos nas relações interpessoais. Essa estória mostra como a perda da verdadeira comunicação pode levar alguém a perder (tirar neste caso) a própria vida.
A comunicação virtual é uma pobre paródia da vida real. Mesmo tão necessária, não substitui a atenção pessoal, e de fato interessada na dor do outro, nos desafios reais de nossa humanidade. É preciso mais do que um “toque” ou “mensagem”, a preocupação de alguém ao nosso lado pode nos salvar, reorientar, reencaminhar! Se você quer ser mais humano, o caminho é o mesmo de sempre: “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento. Ame o seu próximo como a si mesmo” (Mateus 22:37,39 NVI)
A visão “outrocêntrica” não é um dom natural, mas uma dádiva evangélica fruto do contato com Jesus de Nazaré. Nosso sucesso em comunicação pessoal se realiza no espelhar para o mundo, nosso próprio relacionamento com Deus. A oração que podemos fazer hoje é: “Senhor me ensina como posso cumprir a missão de ser mais para ti e para outros a minha volta hoje! ”.
Marciel Diniz,
é teólogo e pastor.