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Mochila nas costas – Peregrinos em terra estranha

Certa vez eu conversava com meu pai, e ele me disse a seguinte frase: “Tudo que eu tenho de valor cabe em uma mochila”. Na hora isso não fez muito sentido, na verdade soou até um pouco pejorativo.


Meses depois, enquanto refletia sobre a passagem de 1ª Pedro 2.11-17 (Leia abaixo), passei a ter outra visão a respeito do que meu pai havia falado.


 

1ª Pedro 2.11-17:

11 Queridos amigos, lembrem que vocês são estrangeiros de passagem por este mundo. Peço, portanto, que evitem as paixões carnais que estão sempre em guerra contra a alma.

12 A conduta de vocês entre os pagãos deve ser boa, para que, quando eles os acusarem de criminosos, tenham de reconhecer que vocês praticam boas ações, e assim louvem a Deus no dia da sua vinda.

13 Por causa do Senhor, sejam obedientes a toda autoridade humana: ao Imperador, que é a mais alta autoridade;

14 e aos governadores, que são escolhidos por ele para castigar os criminosos e elogiar os que fazem o bem.

15 Pois Deus quer que vocês façam o bem para que os ignorantes e tolos não tenham nada que dizer contra vocês.

16 Vivam como pessoas livres. Não usem a liberdade para encobrir o mal, mas vivam como escravos de Deus.

17 Respeitem todas as pessoas, amem os seus irmãos na fé, temam a Deus e respeitem o Imperador.

 

Lição de um mulçumano

Um outro dia, há muitos anos, eu assistia um reality show – inofensivo para cristãos – chamado “Troca de Família” , no qual duas mães trocavam de família por uma semana. A mãe da família “A” foi para a família “B”, e vice-versa. Ambas tinham de conviver com os filhos e marido uma da outra, participar das atividades da família e assumir o papel de mãe nas rotinas da casa. Enfim, tirando as obrigações conjugais, uma tinha que fazer tudo o que a outra fazia.


Me chamou a atenção o episódio no qual uma das famílias era muçulmana. Não lembro exatamente o contexto, mas houve um momento em que o pai dessa família foi questionado sobre o rigor moral com que regia a família e criava sua filha. Sua resposta foi mais ou menos a seguinte: - Estou em um país estrangeiro e tenho costumes diferentes dos daqui. Se eu fizer algo que escandalize as pessoas, eles não vão dizer “O fulano fez algo errado” e sim “aquele muçulmano fez algo errado.” Seu maior temor era envergonhar a comunidade à qual representava. Não seria exatamente isso o que o apóstolo Pedro queria dizer?


Mochileiros cristãos

As Sagradas Escrituras deixam claro que não somos deste mundo [os cristãos]. Mas, longe de ser apenas um alívio, isso nos trás uma grande responsabilidade. Mais do que apenas uma comunidade religiosa, carregamos sobre nós um nome que não pode jamais ser maculado, o nome de Jesus. Nossas atitudes podem atrair pessoas para Ele, ao passo que podem também repeli-las em definitivo.


“Mas o que isso tem a ver com seu pai e a mochila dele?”, alguém deve estar perguntando a esta altura. Calma, já explico! Você já observou aquelas pessoas que rodam o mundo, conhecendo vários países e a cada hora estão em um lugar diferente? O que eles levam consigo? Apenas uma mochila, na qual carregam apenas aquilo que é essencial, correto? Curiosamente, ou não, eles são chamados de mochileiros.


Essas pessoas não perdem a nacionalidade por estarem em um país diferente, não adotam os maus costumes dos lugares por onde passam e, por levarem apenas o que é essencial, estão sempre prontos para partir. Da mesma forma, estamos aqui, mas não somos daqui. Sabemos que somos peregrinos e que estamos apenas de passagem, aguardando o momento da partida. Me refiro à morte? De maneira alguma! Falo da vida, da Vida Eterna, do grande dia em que o Filho do homem rasgará os céus e seus santos anjos nos tomarão pelas mãos e nos levarão ao nosso eterno lar; falo do dia em que Santa Cidade, a Nova Jerusalém, descerá dos céus e nela viveremos sem temer o pecado que tanto se trabalhou para tragar nossas vidas. Falo do dia em que partiremos definitivamente dessa vida marcada pela natureza falha que temos. Falo do dia da volta, falo do dia da partida.


Sendo assim, não há razão para tomarmos as formas daqui, sabendo quem somos e de onde somos, mais ainda, sabemos de quem somos. Que este mundo mal não nos corrompa! Levemos apenas o essencial, deixemos aqui o excesso de bagagem, os maus sentimentos, os maus desejos, os maus pensamentos, os maus caminhos e tudo mais que possa atrapalhar nossa partida. Que o Senhor nos ajude. Amém!


Crônicas de um cristão comum.


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