De “13 Reasons Why” a “baleia azul”: vamos falar sobre suicídio?
- Especial
- 20 de abr. de 2017
- 4 min de leitura
Minha intenção com este texto não é dizer o que você deve ou não assistir, é apenas uma opinião baseada em fatos e alguns estudos, alguns de muitos que existem. Não sou especialista no assunto, ao contrário, estou muito longe disso, mas diante dos últimos acontecimentos por causa da série do Netflix que virou febre entre os adolescentes e jovens me pergunto por que não falar sobre o assunto?
Sobre “13 Reasons Why” ou “Os 13 por quês”
Eu assisti toda a primeira temporada de “13 Reasons Why” ou “Os 13 por quês”, é um retrato da realidade onde se mostra até onde pode chegar a crueldade entre os jovens, os segredos, estupro, bulling, fofocas, mentiras, violência doméstica, o envolvimento dos pais na vida dos filhos, consumo de drogas e bebidas, homofobia e tantos outros retratos da realidade vivida entre os jovens de hoje em dia.
Mas suicídio? A série fala sim sobre suicídio também, porém, o assunto vai muito além das telas e dessa visão romântica que essa série traz. O que tenho visto principalmente nas redes sociais, é muita, e repito, muita gente querendo abordar o assunto (suicídio), com base numa temporada de série, e infelizmente como já é de se esperar, debates acalorados e encerramento de amizades por opiniões contrárias.
É errado assistir essa série? Alguns psiquiatras, psicólogos especialistas em suicídio dizem que sim, outros dizem que é melhor que todos assistam, o que eu te digo? Só tome cuidado, como tudo o que você assiste, veja se isso te afeta de um jeito que vá interferir em seu comportamento de maneira negativa (Filipenses 4.8).
A importância de refletir sobre suicídio
Refletir sobre suicídio, inclui muita responsabilidade sabia? Existem órgãos competentes tanto no Brasil como no mundo que tratam desse assunto a mais de 50 anos, isso mesmo, mais de 50 anos e que tem dados reais sobre a média da situação em que o nosso país se encontra. Digo a média porque só se tem dados dos fatos ocorridos e relatados, muitos dados não são devidamente relatados, tanto das tentativas quanto os casos em que a pessoa de fato conseguiu tirar a própria vida.
Que órgãos são esses? Existe a OMS – Organização Mundial de Saúde, o CVV – Centro de Valorização a Vida, a ABEPS – Associação Brasileira de Estudos e Prevenção ao Suicídio, o CFM – Conselho Federal de Medicina entre muitas outras. Órgãos como a OMS – dizem, por exemplo, que se trata de um assunto muito delicado, onde por se tratar da saúde pública, se deve tomar cuidado, para não despertar uma reação em cadeia.
O jogo da “baleia azul”
O grupo da baleia azul vem ganhando destaque recentemente com seu horrível desafio. Porém, você já parou alguma vez pra pensar em quantos grupos podem existir que apoiam ou desafiam as pessoas a cometer o suicídio? Se fizer uma rápida pesquisa no Google, vai ver que existem inúmeros outros grupos que incentivam, propõem e desafiam o mesmo.
Neury Botega, fundador da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção ao Suicídio (ABEPS) diz: “O suicídio é um fenômeno complexo bastante para não suportar uma explicação simplista, uma causa e efeito [...]”. O Brasil é o 8º pais com maior número de suicídios relatados. 25 brasileiros morrem vítimas de suicídio por dia. Em uma sala com 30 pessoas, 5 já pensaram em suicídio. Esses dados e muitos outros estão disponíveis há muito tempo nos sites das respectivas organizações já citadas acima. No site do CVV se pode encontrar até material pronto para impressão.
Suicídio e igreja
Por que estamos falando disso mesmo? Por que esse assunto na verdade continua sendo um tabu, inclusive na igreja, muitos acham que por que entregaram suas vidas a Cristo não estão sujeitos a isso, ou que isso, esses pensamentos não andam na cabeça de alguns crentes. Sinto informar que não são poucos os que pensam ou que já pensaram em no mínimo como seria a vida das pessoas próximas a si se ela não existisse.
Como igreja, o que se pode fazer? Se pode firmar parcerias com estes órgãos competentes para se inteirar mais sobre o assunto, se pode encaminhar alguém que pediu ajuda ao CVV, ou dar o número do CVV, se pode ler a respeito, se pode abrir as portas da comunidade para reuniões onde essas pessoas só querem ser ouvidas sem que ninguém as julgue entre muitas outras ações.
É preciso capacitação para lidar com um assunto delicado desses, é preciso muita oração para que quem realmente tem este ministério possa ajudar e não vir a despertar reações contrárias. Falar de suicídio requer muita boa vontade, requer disposição, requer tempo para ler e ouvir requer curiosidade, muitas pesquisas e principalmente cuidado.
Como ajudar?
Existe um perfil do suicida? Em muitos casos as pessoas que tentam ou conseguem tirar a própria vida, estão extremamente deprimidas. Mas não se deixe levar por esta informação, como já dissemos antes, este assunto é delicado e um possível suicida pode estar do nosso lado, ou fazer parte de nosso círculo de amigos e nem imaginamos.
O que fazer então? Seja atencioso sempre, visite os irmãos, os distantes e os mais chegados, promova ações onde todos possam se sociabilizar, não somente convide algum amigo, amiga ou irmão e irmã afastado para ir naquele evento da sua da sua igreja. Se proponha a buscá-lo, se informe muito, mas muito mesmo sobre esse assunto. E antes de promover um debate, se possível fale com um profissional e peça ajuda sobre como abordar o assunto. E um conselho de amiga: peça ajuda do Alto, e essa ajuda com certeza chegará a você. Peça sabedoria e Deus a dará (Tiago 1.5-6).
Você pode procurar ajuda do CVV, é de graça. Pode conversar com um psicólogo, pode falar com seu pastor sobre seu desejo de ajudar nessa área, você pode muitas coisas, desde que esteja disposto a ver a vida dos outros com os olhos Daquele que morreu por elas.
Que você seja um agente de paz neste mundo (Mateus 5.9). Quem pensa em acabar com a própria vida, quer na verdade acabar com um problema. (autor desconhecido) Pense nisso.
Infográficos:


Documentário sobre a ponte do suicídio nos EUA:
Alguns títulos de livros sobre suicídio
- Causas, Mitos e Prevenção - Hernandes Dias Lopes
- O suicídio e sua prevenção - José Manoel Bertolote
- O vendedor de sonhos - Augusto Cury (livro que virou filme)
Por Karina Martins Lima de Almeida,
formada em Gestão Empresarial e cursando Psicologia. Casada com Mateus e mãe do Estevão e do Jessé.
