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Por que sofremos?

  • teologia
  • 17 de abr. de 2017
  • 5 min de leitura

Esta pergunta talvez seja uma das mais difíceis feitas à humanidade, e sua resposta certamente é uma das mais esperadas. Principalmente quando se trata de grandes catástrofes (como o conflito na Síria) ou de sofrimentos localizados em nossa vida (doenças, crises emocionais, desemprego). Várias perguntas vem a tona, que por serem difíceis, não tem uma resposta definida.


O inicio do sofrimento

Acredite! Houve um tempo que não existia sofrimento. É só voltarmos nossos olhos para o Éden onde, homem e mulher, viviam perfeitos num mundo perfeito, conviviam em harmonia com o Deus de todo prazer e alegria. Esse mundo era um paraíso formidável. A descrição localizada da harmonia de um universo sem males (Gênesis 1 e 2).


Até que o pecado veio, e desfigurou tudo. Gênesis 3, nos conta como foi rompida a harmonia deste universo. O primeiro homem e a primeira mulher, por uma escolha consciente e sem um coração sujo, mas, por pura vontade, resolveram desobedecer a Deus, indo contra Sua Palavra e obedecendo o diabo, a antiga serpente (Apocalipse 12.9).


Comeram do fruto da árvore da ciência do bem e do mal (Gênesis 2.16-17), do qual Deus usou como símbolo de lealdade a Sua palavra. Eles então pecaram. Caíram da graça de Deus. E como consequência sofreram a partir de então.


O Pecado Original é o “pontapé” de nosso sofrimento. Como somos filhos e filhas de Adão e Eva, nossos representantes diante de Deus, em sua escolha todos erramos. Deus então, não fabrica o sofrimento, mais o permitiu como consequência do pecado. A culpa nunca é de Deus, mas, sempre nossa.


A “democracia” do sofrimento Segunda a Bíblia há uma "democracia" no sofrimento, pois todos os habitantes da Terra, bons ou maus, santos ou profanos, crentes ou ateus sofrem algum tipo de circunstâncias capaz de tirar sua paz. Salomão no Antigo Testamento, exemplifica o sofrimento com a morte (no sentido de que não queremos morrer), pois ela é uma certeza para todos, Eclesiastes 9.1-3 diz:

"Deveras me apliquei a todas estas coisas para claramente entender tudo isto: que os justos, e os sábios, e os seus feitos estão nas mãos de Deus; e, se é amor ou se é ódio que está à sua espera, não o sabe o homem. Tudo lhe está oculto no futuro. Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao perverso; ao bom, ao puro e ao impuro; tanto ao que sacrifica como ao que não sacrifica; ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento. Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: a todos sucede o mesmo; também o coração dos homens está cheio de maldade, nele há desvarios enquanto vivem; depois, rumo aos mortos."

Veja que na atual conjuntura deste mundo pecaminoso, todos somos expostos a muitos sofrimentos. Portanto, não podemos julgar o sofrimento de alguém ou de uma nação como a punição de um pecado pessoal sempre, pois todos estamos suscetíveis a situações de calamidade, doenças, conflitos e morte, já que nosso mundo vive no sofrimento.


É certo que pecados pessoais podem nos trazer sofrimentos e até o juízo de Deus, mas, é certo que nem sempre é assim. Lembre-se de Jó, que mal algum cometeu, mas, foi testado e aprovado por Deus diante de seus sofrimentos (Jó 1.6-12).


O que falar sobre o cego de nascença que os discípulos, julgavam ter pecado, porém, Jesus combateu essa mentalidade dizendo que a sua enfermidade era para que Deus por meio de um milagre manifestasse seu poder e fosse glorificado (João 9.1-3).


A intervenção no sofrimento

Mais que responder o “por que do sofrimento?” Deus sofre! Temos provas claras nas Escrituras disso. Foi rejeitado tanto pelo primeiro casal, como por seu povo escolhido, Israel (Oseias 1.2). Porém, longe de ter crises psicológicas, Deus agiu em prol de seus ofensores. Mandou Seu Filho (Romanos 5.8).


Jesus, Pessoa da Trindade, veio e sofreu nesta vida (Isaías 53.3; Hebreus 5.7-8). Imagine: Deus Filho deixando Seu conforto celestial, para começar Sua vida terrena nas favelas de Israel. Isso mesmo. De origem pobre, de vivência humilde, Seu trono foi a Cruz. Na Cruz, Deus foi humilhado, separado de Seu Pai, por causa do nosso pecado.


Por vezes nós pensamos muito em nosso sofrimento, mas, não pensamos no sofrimento que causamos a Deus. Imagina a dor de ser rejeitado por Seu Pai, sem ser culpado por isso (Mateus 27.46). Jesus passou e entende! Na Cruz, Jesus restaura a possibilidade de um dia os sofrimentos terminarem para sempre, quem o recebe como Salvador caminha para alegria eterna!


Caminhando para o fim do sofrimento.

Ainda não chegamos à eternidade, mas para quem crê no Senhor Jesus, ela já começou. A promessa de vida eterna começou. Porém, ainda neste corpo mortal, sofremos, conquanto nosso interior se renove a cada dia (2 Coríntios 4.16-18). Além de nós, a natureza sobre também (Romanos 8.18-25). E Até o Espírito sofre na ajuda que presta aos cristãos (Romanos 8.26-27).


A caminhada cristã é permeada pelo sofrimento do mundo e pelos ataques daqueles que se levantam contra a Igreja. Quem diria que perseguição por causa do Evangelho seria felicidade, pois Jesus disse que seremos perseguidos assim como Ele e os profetas foram (Mateus 5.10-12).


Paulo chamou Timóteo para sofrer as aflições por causa do Evangelho (2 Timóteo 4.5) e Pedro afirmou, que se sofrermos por fazer o bem e andarmos em santidade, sobre nós repousa a glória de Deus (1 Pedro 4.14) e isso ainda será um sinal para que nossos acusadores vejam que Deus está conosco (1 Pedro 3.14-16).


O sofrimento acabará!

Apocalipse nos mostra tanto sofrimento, mas também, muita esperança. Por isso, o cristianismo não é masoquista, ou seja, não gosta de sofrer. O sofrimento não é o fim. Aceitamos o sofrimento por ser uma condição deste século e dos ataques à fé, mas não adoramos o sofrimento.


Certamente, Deus pode acabar com alguns de nossos sofrimentos hoje, como disse a igreja de Esmirna: Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. (Apocalipse 2.10). Mas, ainda assim nos depararemos com outros sofrimentos.


Porém, sabemos que Deus acabará de uma vez por todas com o sofrimento quando o pecado for exterminado de uma vez por todas. Então, se cumprirá a palavra: Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. (Apocalipse 21.3-4).


Por Andrei Sampaio Soares,

teólogo, escritor e criador/editor do Além Portal.

Imagem: BBC.


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