Nas igrejas muito se fala sobre Graça e grande parte dos irmãos sabe de cor o que essa palavra significa em Teologia. Recentemente, temos formado vários teólogos; isto é importante e necessário. Sob outra perspectiva, porém, nos perguntamos em certas ocasiões o que aconteceu com as nossas igrejas.
Podemos explicar diversas doutrinas, mas a igreja não cresce, não evolui, não amadurece. Onde está o primeiro amor? Onde está aquele calor, a sensação de realização espiritual e a paz que sentíamos há tempos pela ação poderosa do Espírito Santo?
Por que nossos cultos tem parecido frios e sem efeito? Por que tão pouca gente se converte genuinamente a Cristo nesses tempos pós-modernos? Essas perguntas costumam permear a mente de vários de nós, gente com quem tenho conversado, mas geralmente não sabemos lidar com esses questionamentos. Temos medo de culpar este ou aquele, ou até nós mesmos por tamanha indiferença.
Olhamos para o mundo e vemos desgraça. Pais, mães e irmãos perdendo seus entes amados por conta da violência. A corrupção corre ladeira abaixo, afundando este país na lama e fazendo parecer que o crime compensa. Doenças incuráveis ou com tratamentos caros.
Contas e dívidas a pagar, problemas com os filhos, casamento destruído, crises de identidade: Quem realmente sou? Qual é o meu propósito de vida? Para que eu ainda vivo? Questões sobre quem somos e como lidamos com as situações do cotidiano.
O coração não aguenta. São tantas coisas a pensar. Os círculos sociais nos cobram atitudes. Há tanta dor e sofrimento em nós e ao nosso redor que é como se estivéssemos anestesiados. Nem sentimos mais. E quando vemos, tudo explode em desespero.
Imagine essa pessoa sobrecarregada chegando a uma igreja; em sua igreja. O que ela vivencia? Como ela é recebida pelos primeiros que vê à porta? O que ouve nos louvores e na pregação que ecoa do santo púlpito para a sua vida? Qual a mensagem que fica quando ela volta pra casa, põe a cabeça nos travesseiro e torna a pensar nos problemas que ainda estão lá e terá que enfrentar? O que mudou?
Antes de escrever este texto ouvia uma música e, creio que pela iluminação do Espírito Santo, percebi o quanto muitas vezes desprezamos a Graça divina no momento que tentamos transmitir as boas novas aos perdidos. Conhecemos a doutrina bíblica, explicamos, usamos frases de efeito para falar do amor de Deus, mas quantas vezes deixamos de perceber o desespero que atinge tanta gente. Não percebemos os corações despedaçados que vêm à igreja em busca de conforto e direção.
Gastamos tempo e dinheiro pensando que fazemos o bem, enquanto, na realidade, não passamos de bons mestres que não sabem amar.
Obviamente, essa é uma generalização. Nem todas as comunidades são assim ou vivenciam este momento caótico. Porém, pelo que tenho visto e ouvido, essa é a realidade de muitos, talvez a sua e a do seu grupo de irmãos.
O mundo anseia por Deus, as pessoas querem Deus! Não diga que a sociedade está desinteressada pelas coisas de Deus. Que o fato de sua igreja estar vazia é porque nos últimos dias o amor de muitos esfriaria. Ainda que alguns rejeitem deliberadamente o sublime amor de Deus, a sua igreja pode estar vazia porque lá não se fala de amor, perdão, reconciliação, pacto. Talvez os bancos estejam tomados por teias de aranha porque, em vez de você e sua liderança incentivar a luta contra o pecado e o homem natural, a vitória contra as tentações, preferem se atacar o tempo todo, falar sobre costumes inúteis e o maldito “pode? não pode?”.
Graça, Graça, Graça. Não se esqueça da Graça! Amor divino, sangue do Filho, vida do Filho, derramados em sacrifício para trazer à vida rebeldes como nós.
Quando você for pregar, ensinar, conversar com alguém, lembre-se da Graça. Pense no desespero das pessoas, mesmo que tudo esteja bem com você. Só porque estão sorrindo não quer dizer que estejam bem. Deus nos chama para resgatar os perdidos, interceder pelos aflitos, curar enfermos de corpo e de alma. Gaste menos tempo com debates inférteis. Demonstre o amor de Deus por onde passar.
Por Arildo Gomes,
empreendedor em marketing e teólogo.
Leia o Blog do Arildo: https://blogdoarildo.wordpress.com/